sábado, 30 de junho de 2012

Lisboa e não só. Ontem.

Não tenho nada contra Lisboa, mas sempre que de lá venho trago a ideia de que as pessoas são frias e distantes. É uma ideia minha que vale o que vale, mas acho o povo do Norte mais vivo, mais alegre e mais dado.
O Palácio da Justiça é um edifício tão grande quanto bonito. É, como é natural, uma realidade totalmente diferente da que se vive nas pequenas comarcas. Contudo, e apesar do seu imponente aspecto exterior, por dentro revela algumas debilidades, como por exemplo a falta de ar condicionado. E se ontem nem se sofreu muito com calor, quem por lá está diariamente diz que é doloroso passar lá o verão. Não se entende o não suprimento desta deficiência.
Nós por cá só temos direito ao bloqueador na jante, em Lisboa temos direito a um papel colado no vidro e a uma fita muito ao estilo do Csi. Esta última tem realmente lógica, segundo me explicaram há muita gente que arranca com o carro bloqueado e como o papel às vezes descola não basta, então a fita serve de aviso. De aviso e de vergonha, claro.
Há anos que não punha os meus joelhos debaixo de uma mesa da Mealhada. Há tantos que já nem sei quantos. É um petisco e tanto. O leitão com a pele tostadinha, a batatinha frita e o vinho branco, próprio da ementa, bem gelado é um cocktail de sabores fantástico. Tudo isto foi no restaurante Meta dos Leitões. Faço a publicidade porque o espaço merece-a e vós mereceis saber onde este iguaria é realmente bem trabalhada.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Portugal | Europeu 2012

No geral sei que vivo num país de ladrões; sei que anda muito homem grande a mamar naquilo que é de dez milhões de pessoas; e sei que para muitos o nome deste país significa subsidio e/ou reforma.
No desporto sei que vivemos para além das possibilidades; sei que para muitos as quinas são sinónimo de protagonismo e mediatismo; e sei que a imprensa manda neste país e na cabeça de quem nele vive.
Acredito que noutros países a mecânica seja a mesma, mas o que se passa na casa do vizinho a mim nada me diz e o mal dos outros não me traz bem nenhum.
Eu quero que Portugal ganhe sempre. Seja no que for. Tanto pode ser no futebol como no polo aquático. Durante o Europeu da Ucrânia e da Polónia, que ontem terminou para nós, fui adepto incondicional. Assumo que depois de ver a nossa sofrida, como sempre, fase de qualificação e os dois amigáveis que antecederam a fase de grupos do Campeonato da Europa cheguei a temer uma muito má prestação lusa nas terras do leste da Europa. Eu estava errado e ainda bem.
Fomos grandes, mas não fomos enormes, fomos bons, mas não fomos muito bons. Esta é uma realidade que não podemos esconder. Fomos guerreiros, fomos lutadores, fomos unidos, fomos um grupo coeso, tivemos coração, tivemos alma e tivemos muita vontade. Isto são verdades que ninguém pode apagar.
Na fase de grupos perdemos com uma Alemanha que é uma equipa muito equilibrada. Perdemos como podíamos ter ganho ou empatado. Os alemães tiveram a sorte do jogo. Com a Dinamarca garantimos os três pontos e sofremos sem necessidade. Os dinamarqueses não mereciam sequer ter sonhado. No último jogo do grupo vencemos uma Holanda que andou a rastejar durante toda a sua participação. Não deixa de ser bom vencer a laranja mecânica, é sempre muito bom, mas o certo é que de bom só tinham mesmo o nome e algumas individualidades. Desta fase de grupos ressalta a união de grupo e a força mental do mesmo. Demos a volta a dois resultados negativos para nós e só uma equipa com um coração enorme consegue isso. Este é, para mim, um dos maiores méritos do Paulo Bento.
A República Checa atravessou-se no nosso caminho nos quartos de final, a lembrar, desde logo, o chapéu de Karel Poborsky a Vitor Baía, em 1996. Felizmente não houve surpresas e Portugal dominou por completo o jogo e venceu com toda a justiça.
Ontem, nas meias finais, houve duelo ibérico. Portugal defrontou a Espanha, actual campeã do mundo e da europa, num jogo que se adivinhava difícil para ambas as partes. Foi um jogo disputado, mas de bonito não teve muito. Foi, no fundo, o que se previa. Os espanhóis venceram na lotaria dos penaltys. É uma questão de sorte, é verdade, mas acabou por vencer a equipa que mais fez por isso durante os cento e vinte minutos em que bola correu pela relva. Portugal fez uma grande primeira parte, pressionou alto, coisa que incomoda o futebol dos nossos vizinhos, mas aquela pressão não ia durar noventa e muito menos cento e vinte minutos. A segunda parte e principalmente o prolongamento pertenceram à Espanha. Depois que Navas, Pedro e Fabregas entraram no jogo, numa altura em que o cansaço lusitano já era muito, nós limitamo-nos a defender como podíamos e deixamos de ser tão organizados e tão pressionantes como fomos nos primeiros quarenta e cinco minutos. Certo é que o Iker Casillas não fez uma única defesa e o árbitro, desculpem-me os mal habituados, não teve qualquer influência no resultado. Ponto final.
Perdemos, paciência. O futebol é isto. Uns perdem outros ganham. Muito sinceramente, penso que Portugal foi eliminado pela equipa que vai erguer o troféu e, pelo que já se viu, com toda a justiça.
Em relação ao nosso seleccionador, o mister Paulo Bento, quero dar-lhe os meus parabéns. Foi capaz de fazer daquele lote de vinte e três jogadores uma família. Nem mesmo o pontapé de Quaresma em Miguel Lopes abanou essa estrutura. Foi capaz de criar uma equipa organizada e a praticar um bom futebol, do melhor que se tinha visto nos últimos anos.
Para além do positivo, teve, como é normal, pontos negativos.
As situações de Ricardo Carvalho e Bosingwa podiam ter sido melhor geridas, e se não ponho em causa o afastamento do central, penso que o lateral podia ter estado presente no Europeu e, não desfazendo o João Pereira, que bom que era para nós. Ainda em relação a estes dois, o treinador não tem que andar a comentar na imprensa casos de indisciplina vividos dentro do balneário. Que fale o presidente, que fale o vice presidente, mas nunca o treinador.
O discurso de Paulo Bento em relação a Hugo Viana não foi, de todo, correcto. O que ele disse antes e depois de o chamar não deve nem pode ser dito. Ficou-lhe mal.
O nosso seleccionador não soube gerir o banco. Usou o Custódio e o Varela, lançou o Rolando em dois jogos para queimar tempo e defender e foi experimentando os avançados. Não pode ser. Eu sei que o banco não era de luxo, mas podia e devia ser mais espremido. Foi tudo muito previsível e tudo muito igual nos cinco jogos.
O Nani fez contra a Espanha o pior jogo do Europeu e tinha que sair. Sempre que lhe entregaram uma bola ele andou com ela até a perder. Não saiu e não se entende porquê. Sinceramente acho que o Nani quer um protagonismo que nunca vai ter e vai acabar por pagar por isso. Em Manchester não vai tardar.
O Nelson Oliveira foi lançado às feras, sem experiência nenhuma, e viu-se que, como é normal, ainda tem um longo caminho para percorrer. Porque não tirar o Hugo Almeida, meter o Ronaldo no meio e entrar o Quaresma para a esquerda?
Ontem, nos penaltys, nunca podia ter deixado o Cristiano Ronaldo para o fim. Não o digo porque perdemos, digo-o porque é o lógico. O Xabi Alonso é o marcador oficial dos penaltys espanhóis e foi, como se viu, o primeiro a marcar. Por acaso falhou, mas foi o primeiro. Se o Ronaldo é o nosso marcador de serviço tem que marcar um dos três primeiros penaltys.
Todos os jogadores fizeram, no cômputo geral, um bom Campeonato da Europa, mas alguns merecem destaque. O Pepe foi um monstro. Ele não perdeu um único lance. É para mim o melhor central deste campeonato e fez, com Bruno Alves, a melhor dupla de centrais da competição . O João Moutinho é uma máquina. Que ele não sabe jogar mal já todos nós sabemos, mas este Europeu ele pode guardá-lo em DVD e vê-lo de peito feito. Foi o nosso pequeno maestro. O Fábio Coentrão voltou ao que era. Muito bem a defender e sempre disponível para atacar. Este sim, é o verdadeiro Coentrão. Estes três foram para mim os melhores jogadores de Portugal ao longo de todo o campeonato.
Depois temos o Cristiano Ronaldo que fez dois grandes jogos frente à Holanda e à Dinamarca e ponto final. Como atleta é um fora de série, é um jogador fantástico e vai, com toda a certeza, ficar na história do futebol mundial. Sou apreciador do Cristiano enquanto jogador, porém tem uma coisa que a mim me irrita profundamente. Detesto o teatro que ele faz para o público que está em casa e no estádio. Dispensava tão bem, mas tão bem, as fitas dele.
Para além disso irrita-me o facto da imprensa fazer de conta que a selecção portuguesa é o Ronaldo e mais vinte e dois cones. Os estrangeiros eu até posso entender, agora os jornalistas portugueses terem a mesma atitude é uma grande falta de respeito para com os restantes jogadores.
E outra coisa, por que raio ninguém pode criticar o capitão da selecção portuguesa? Podemos criticar os outros e ele não porquê? O futebol é isto mesmo. O Cardozo marca muitos golos no Benfica e os benfiquistas não gostam dele. O Hulk carrega o FC Porto às costas e os portistas a cada passo assobiam-no. E quê? Tomara eu ganhar milhões e que me assobiassem todos os dias. Já não há pachorra para este mimo parvo.
Lembro-me de ver Europeus e Mundiais sem Portugal lá. Foram muitos os que passamos em claro. Hoje isso é impensável, mas há uns anos não era. Lembro-me bem de 1996, voltamos a um Europeu passados doze anos. Foi uma festa! A partir de dois mil estivemos sempre presentes e com isto tem que mudar a nossa mentalidade. Quando íamos de dez em dez anos a presença quase que bastava e passar o grupo era motivo de festa. Hoje não pode ser assim. Temos que ter mentalidade ganhadora. Temos jogadores em todos, ou quase todos, os grandes clubes europeus, somos presença regular nas fases finais e a nossa ambição tem que condizer com este currículo. O quase, o se e o mas a nós já não nos podem bastar. Eu gosto é de ganhar. Eu e todos. Isso sim sabe bem. Dos fracos não reza a história e na história do futebol só entra quem vence, não quem esteve quase a vencer. E, por favor, não me venham com a conversa do cair de pé porque eu não conheço ninguém que caia de pé. Isso é impossível. Caímos e ponto final. É triste, dói, mas é a nossa realidade.
Tenho orgulho em ser português, tenho orgulho desta selecção, mas quero mais, eu quero taças, eu quero festejar muito e quero ficar rouco de tanto gritar pelo nome do meu país.
Apesar do amargo de boca, obrigado, rapazes.

A realidade

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Noite de verão

Ontem às vinte e duas horas estavam vinte e nove graus.
Uma noite com esta vida merece que os relógios desapareçam, que o tempo não passe, que as bebidas sejam geladas, que se brinde à amizade, que se grite pelo amor, que os olhares sejam puros, que os gestos sejam incisivos, que as vontades sejam loucas, que as conversas tragam gargalhadas, que os pés andem de chinelos, que as roupas sejam curtas, que as esplanadas não fechem, que a manhã seguinte não traga despertador, que o trabalho não seja preocupação e que os problemas desapareçam.
Gosto muito do calor. À noite. Só à noite.

O meu Scott

É fofo que eu sei lá e tem o olhar mais expressivo do mundo.
Dá vontade de pegar nele e apertá-lo até ele ganir. Juro!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Coisas que eu ouço XLIV

Cláudia Vieira

Aquilo são as mamas dela ou são tigelas viradas ao contrário?
Esclareçam-me, por favor.

Andrea Pirlo

E mais não digo.

domingo, 24 de junho de 2012

Parabéns, mãeZinha!

Viver é bom porque ela existe.
São cinquenta e um anos de vida. Vinte e oito, quase vinte e nove, comigo ao colo.
Mãe, irmã, amiga e cúmplice. Sempre. Um olhar entre nós leva palavras. Um silêncio nosso conta histórias. Um sorriso eleva-nos. Uma lágrima deita-nos. Um abraço é sempre perfeito.
O acordar e o deitar são dela. Perde tanto tempo a levantar-me como a deitar-me. Sou uma carroça, como ela diz e bem. À noite nunca tenho sono e de manhã tenho tanto que só ela tem força para me colocar na vertical. Na doença nunca me falha. Uma ferida minha dói-lhe mais a ela do que a mim. No meu sucesso respira de alívio. Cada vitória minha é um orgulho para ela. Cada conquista é um respirar mais desafogado. Na derrota cai no silêncio e nele vai buscar forças para mim que já nem eu as tenho. Nunca me deixou de parte. Nunca olhou para mim com desprezo. Nunca, em momento, algum deixou de acreditar em mim. Acredita mais do que eu próprio. É o meu muro das lamentações. Nenhuma tristeza minha passa longe dela. Tem sempre uma palavra que me aquece o coração. Sempre, sempre.
Muito do meu eu é dela e muitas são as vezes em que chocamos. Chocamos como dois irmãos. Chocamos como duas crianças. Chocamos, é verdade, mas sempre com amor. Nunca, em discussão alguma, um de nós foi capaz de deixar de assumir as suas culpas e de, cara a cara, fazer um pedido de desculpa com sinceridade que se exige a quem ama.
O nosso amor não tem explicação. Nenhum amor entre uma mãe e um filho tem explicação. Mas este, talvez por ser meu, é o mais especial de todos. Talvez por ser meu.
Mãe, és a mulher da minha vida. Amo-te tanto que tu nem imaginas.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Bom fim de semana!

Segunda-feira falamos melhor, sim?
Vá, bom fim de semana!

Os loucos anos oitenta

Há uns dias atrás voltei a entrar numa escola primária que foi minha quando eu tinha seis, sete, oito e nove anos. A da imagem. Não imaginam a nostalgia que senti ao voltar a entrar naquele espaço onde a minha felicidade era cristalina e todos os que me rodeavam eram verdadeiros amigos. Alguns deles, graças a Deus, ainda os tenho por perto. Os que merecem.
Há quase vinte anos que não estava dentro daquelas quatro paredes. Tudo parece mais pequeno. As mesas, as cadeiras, o quadro, o estrado, as janelas e a porta. Vinte anos é realmente muito tempo.
O Professor Nogueira, a Professora Maria Angelina, a Professora Alcina, a Professora Rosa, o Jorge, o Eduardo, o Bruno, o Nando, o Paulo André, o Carlos, o Hugo, o Bé, o Tiago, o Vitor, o Carlinhos, a Carina, a Catarina, a Joana, a Marlene e todos os outros, mais velhos e mais novos, esquecidos e lembrados, serão sempre uma memória guardada no meu coração. Hoje sei de quase todos e dos que não sei lembro-me algumas vezes. Gostava de reencontrá-los, saber o que fazem, onde vivem, como foi a vida deles e como estão agora.
Quem sabe um dia não recordamos os loucos anos oitenta?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Olho Vivo na Wook

Este blog, como sabem, virou livro e esse livro está com 10% de desconto na Wook. Aproveitem porque não sei até quando irá durar esta loucura. Pode até ser eterna, mas também pode acabar hoje. Não sei mesmo. O melhor é entrarem aqui e esquecerem a crise por um minuto.
A Wook, para quem não sabe, é a maior livraria portuguesa online e vende livros para todo o mundo, por isso, mesmo que estejam no Mali, não têm qualquer desculpa.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Voltei, voltei

Voltei, voltei! Voltei ao ginásio!
Já tinha saudades da malta, dos pesos, das máquinas, da passadeira e de um treino que me fizesse transpirar. Ontem desfrutei de tudo isto e soube-me pela vida.
Tenho realmente muita pena de não conseguir ir regularmente ao ginásio. Todos os dias ou dia sim, dia não. Normalmente, ou quase sempre, é a falta de tempo que me impede, mas admito que há dias em que a vontade também não ajuda. Depois de se começar a ser um corpo ausente do ginásio, voltar parece que custa mais a cada dia que passa. Quem treina sabe do que estou a falar.
Daqui para a frente vou tentar fazer, pelo menos, dois treinos por semana. Prometo. Tentar, claro.

Ontem

Isto em vinte e quatro horas deixa-me de peito feito.
Obrigado a cada um de vós.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sonhar não custa!

Ginásio em casa

Porque o vinte e dois de setembro já não está assim tão longe e porque está mais do que visto que não consigo ter tempo para ir ao ginásio.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cristiano Ronaldo Junior

Cristiano Ronaldo partilhou nas redes sociais, pela primeira vez, uma foto do seu filho. O miúdo é mesmo a cara da mãe, não é?

Hoje e sempre

Obrigado meu Deus por me teres feito português.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Sr. Rogério

Dividiu um quarto de hospital com alguém a quem eu só quero bem. Há uns dias atrás, não há muitos.
Carrega com ele oitenta e sete anos de vida. Um livro de histórias, de certeza.
É bonito ele. Quase não tem rugas na cara e tem uns olhos da cor do céu no verão. Tem uma educação antiga e uma humildade que chega a ser constrangedora. É um homem como já não se fazem.
A cama do hospital era culpa do coração dele que batia fraco porque já batia há muitos anos e quando ele estava a recuperar dele uma queda parva, que não tem nem pode ter outro nome, provocou-lhe um coágulo no cérebro que o deixou fraco e sem a força mental que tanta falta faz quando se está lá dentro. O Sr. Rogério foi outra vez abaixo. O braço e a perna dele tremiam sem que ele mandasse.
Viveu tudo isto sem visitas, sozinho, deitado a olhar para o nada e a perguntar pelos dele. Todos os dias perguntava. Nós, os que estávamos junto à cama do lado, não entendíamos e chegamos a um estado de revolta. Quem teria coragem de deixar um senhor ainda mais fofo que o algodão largado numa cama de hospital? Rapidamente ficamos amigos dele. Todos nós, sem excepção. Ajudávamos a dar-lhe a comida, a levantar-lhe a cama, a chamar quem ele precisasse e, o mais importante, a falar com ele. Eu ligava-lhe a televisão no futebol. Ele dizia que não ligava à bola, mas eu dizia-lhe que tinha que ligar. Nunca me disse o clube dele. Ou não tinha ou não quis dizer. O seu vizinho de quarto passou a ser a base dele, a companhia e a força que tantas vezes lhe faltou.
Depois de começarmos a falar com o Sr. Rogério entendemos que ele não perguntava pelos dele num tom depreciativo. Ele perguntava por eles porque estava preocupado. Dizia ele que a mulher estava ainda pior que ele e que o assustava muito saber que ela estava sozinha e doente. Falou-nos de três filhos, dois  separados dele por muitos quilómetros e outro para sempre. Deus levou-lho.
Um dia que era domingo trouxe-lhe visitas. A mulher e um casal de sobrinhos. Quando ele viu a mulher que é dele há cinquenta e nove anos juntou as palmas das mãos, ergueu-as e agradeceu a Deus em voz alta. A mulher, ciumenta que eu sei lá, falava que se fartava, estava cheia de saúde, pelo menos mental. A falta dele provocou-lhe um derrame. É o chamado amor em estado puro. Contou-nos muitas histórias, rimos muito. Por mim ficava dias seguidos a ouvi-la. Na hora da despedida chegou-se ao marido que ali estava prostrado e depois de um "anda cá homem, dá-me um beijo" eles juntaram os dois lábios como se fossem dois jovens na flor da paixão. Foi das coisas mais bonitas que vi. As lágrimas sentaram-se na beira dos meus olhos.
Entretanto o alguém a quem eu só quero bem, com a graça de Deus, teve alta e o Sr. Rogério, coitado, ficou lá sozinho. Triste que eu sei lá. Dizia que ia deixar de comer porque já sabia que ia morrer e por isso não valia a pena. Tentar animá-lo era perda de tempo. Ele recusava-se a sorrir. Esperava a morte já impaciente, chateado com o tempo de espera.
Na hora do adeus prometemos-lhe visitas personalizadas, só para ele. Ele agradecia ao mesmo tempo que dizia que isso era conversa nossa, daquela que se usa para animar os outros e não para cumprir. Enganou-se. Fomos lá vê-lo. Só a ele e só por ele. Todos os dias teve visitas nossas. Todos os dias até ao dia em que se foi embora. Não foi para casa, é certo, mas foi para o hospital da sua localidade, onde trabalha a sua sobrinha, coisa que ele nos disse cheio de orgulho. Eu todos os dias liguei para o hospital para saber dele. No último telefonema informaram-me que o senhor que foi dono da cama 433 já tinha ido embora e que ia muito bem. Recuperou do coração e do cérebro. O corpo dele já não tremia sem ordem. Ia bem. Dentro do possível ele ia bem.
O Sr. Rogério prometeu-me um lanche a preceito e umas cerejas que, segundo ele, são uma especialidade e eu prometi que lhe ia dar muita despesa. Faço questão de ir a uma aldeia pequena, a cerca de uma hora da minha, procurar por ele. Antes terei que ir ao hospital que fica mais ou menos à mesma distância. Eu sei disso.
Este homem que eu conheci sem contar quando o meu mundo caiu ao chão provou-me que um coração nobre não tem preço, mostrou-me o que é ser um senhor no verdadeiro sentido da palavra e ensinou-me que nada é mais belo que sentimentos puros. Nunca o esquecerei, aconteça o que acontecer. O Senhor Rogério.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Coisas que eu ouço XLIII

Família da bola!

Uma tarde e uma noite recheadas de emoções, de amizade e de muito boa disposição. Obrigado, a todos. Para o ano haverá mais. Tem mesmo que ser.
Nós!
O golo da tarde entrou ali e saiu dos meus pés!
Eu e os meus cumprimos, ganhamos nos penaltys!
Juntos pela noite dentro!

O Olho Vivo na Fnac

Uma boa notícia para mim e para os que me querem ler em papel. O meu livrinho pode, agora, ser comprado em qualquer loja Fnac do país. Não é maravilhoso? É, pois!
Não o vão encontrar, para já, em nenhum prateleira, mas podem fazer a vossa encomenda ao balcão e para isso basta dizerem que pretendem encomendar o livro "O Olho Vivo - textos do blog", da Chiado Editora. Mais fácil é impossível.
É isto e dez euros.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tiago, não te esquecemos!

O Tiago Malta era um amigo nosso, era um guerreiro com quem dividíamos o balneário e o campo, com ele choramos derrotas e festejamos vitórias, foi com ele que aprendi a ser mais humilde e a conquistar as pessoas pelo que sou e não pelo que tenho.
Infelizmente Deus resolveu tirá-lo do campo da vida e amanhã ele não poderá estar connosco de uma forma física, mas tenho a certeza de que, onde quer que esteja, o Tiago estará a olhar para e por nós, ao mesmo tempo que sorri enquanto nos recorda a todos e a tudo o que juntos vivemos.
Chipie, um grande abraço para ti, amigo!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Máquina do tempo

No próximo sábado vou voltar atrás no tempo. Vou ser menino outra vez.
A alegria que sinto é do tamanho da ansiedade que já me consome.
Vou voltar a ver as paredes de um balneário que foi a minha segunda casa durante anos. Vou estar com gente que é minha amiga desde quase sempre. Vou voltar a jogar futebol num campo que me deu muitas alegrias. Vou voltar a ser um adolescente que tem como única preocupação fazer melhor em cada treino e vencer cada jogo. Vou voltar a ser um jogador que tem como remuneração uma amizade que não tem preço.
A quem teve a iniciativa, a quem vai participar nela, a quem quer participar mas não pode e a todos os que de alguma forma fazem parte desta família deixo o meu muito obrigado. Convosco cresci feliz, aprendi a ser homem e vivi coisas que nunca esquecerei.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Corrida matinal

Oito da manhã, mais coisa menos coisa, e eu na pista de sapatilha no pé e fone no ouvido.
É um hábito que quero manter. Quero muito, mas não é fácil tirar este corpo da cama, metê-lo dentro de um equipamento feito para a prática desportiva e obrigá-lo a sair de casa.
Isto de acordar cedo e ir correr antes de ir trabalhar é muito bonito mas é nos filmes, porque na vida real até na alma dói, pelo menos a mim. No fim é certo que sabe bem e o dia é vivido com outra disposição, mas o arranque é uma tortura.

Sandra Mendes

Ao que parece o peito dela cresce de acordo com o negócio do marido, por isso talvez seja melhor o Jorge Mendes não crescer muito mais como empresário, caso contrário a senhora cairá para a frente.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Carpa com 22,5 Kg

Não é montagem, é a realidade.
Um senhor pescador pescou uma senhora carpa com vinte e dois quilos e meio. Isto a poucos metros do local que me dá abrigo todos os dias da semana.
Eu nunca fui muito adepto de me banhar em rios, depois desta notícia é certo que enquanto me lembrar nem um pé meterei nas águas das redondezas. Isto, para mim, é um tubarão de água doce. Arrepio-me só de ver.

Coisas que eu ouço XLII

Danup Milk Shake

Bem que podiam vender disto em garrafões de cinco litros.

domingo, 3 de junho de 2012