Faleceu no domingo. Viveu setenta e quatro anos. A maior parte deles viveu-os mesmo. Sentiu a vida na pele. Conheceu o lado bom e o lado mau do viver. Teve o fim que não merecia. Um homem assim merecia morrer por cansaço, não por azar.
Era amigo dos meus pais. Não era um conhecido, era um amigo. É diferente. Parceirão do meu pai. Do peito mesmo. Se todos fossem como ele a vida seria fantástica. Acreditem em mim.
Conheci-o quando comecei a ser gente. Desde sempre, portanto. Visitas frequentes a minha casa e telefonemas vários faziam com que ele fizesse parte do meu dia a dia. Ele conheceu-me antes de eu saber o que era a vida e viu-me crescer até eu ser homem. Tenho pena que ela não vá ver o resto. Queria-o no meu casamento e no baptizado dos meus filhos. Queria vê-lo abraçar o meu pai nessas datas que também vão ser especiais para ele.
O Sr. Manuel Carlos era amigo do seu amigo, era um portista a sério e era um bom homem.
No fim do funeral a mãe de um amigo que é meu dizia, com o olhar molhado, "os nossos amigos estão a morrer", e eu, enquanto lhe dizia que a vida era isto mesmo, pensava o quão assustador isto é. A vida não pára mesmo e ver os pilares da nossa vivência a caírem dói muito.
Deixo, aqui, um abraço sentido a este grande senhor e a toda a sua família. Tenho a certeza que é mais um anjo que estará lá cima a zelar por nós.
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