Façam o favor de ver o vídeo antes de me lerem. A Anna merece.
Já viram? Muito bem.
Eu conheci a Anna há uns dias e desde então que ando para vos falar dela, o que, como devem compreender, não é fácil. A Anna é uma mulher que se considera bonita, que tem a certeza que é sensual e acredita que canta bem. É isto que ela, com relativa facilidade, transmite durante todo o seu videoclip. E está no direito dela. A Anna é uma pessoa livre de pensar e fazer o que quiser. A Anna e eu. E eu acho que a Anna, coitada, tem uma certa dificuldade no pensar. E digo isto porque se ela pensasse a uma velocidade moderada, nem lhe vou exigir a rapidez, apenas a moderação, não estaria a tornar-se uma figura quase pública por fazer um videoclip, se é que lhe posso chamar assim, num cemitério, onde, enquanto grunhe, se roça em gavetas de cemitério que guardam para a posterioridade pessoas que, independentemente das suas vidas, merecem o eterno descanso. Coisa que a Anna não lhes permitiu durante minutos, ou horas, não imagino quanto tempo terá demorado esta fantástica produção quase Hollywoodesca na parte do cemitério. Sim, porque a Anna não está só no cemitério, esta carinha laroca veste um casaco que brilha, vai para umas escadas e agarra-se a um corrimão onde continua com os seus grunhidos. Contudo, e tenho que ser honesto, a parte que mais me agrada, não menosprezando o roço das gavetas do cemitério, surge mais ou menos a meio do vídeo, onde a Anna aparece numa alcatifa velha, de joelhos e a contorcer-se, como que se tivesse com gazes, a levar com um fumo, que ao que parece está a sair de um cano de escape de um carro antigo e a gasolina, e, mesmo assim, ela consegue continuar a cantar, embora se note que a nível da visão ela sinta algum desconforto. E depois, para finalizar, a Anna canta, na tal alcatifa velha, com o fumo do carro antigo, a contorcer-se e a levar com notas de dez e de vinte euros no focinho, como que a dar um ar de menina que recebe dinheiro para se entregar mais de corpo que de alma.
Não podia deixar de vos chamar a atenção para o final do videoclip, onde a Anna entra no lugar do passageiro de um carro que não tem condutor, sendo certo que esse facto não impede que o mesmo se movimente enquanto a pequena Anna nos pisca o olho num sinal claro de adeus. Espectáculo!
Espero, muito sinceramente, que o mundo musical português não deixe escapar um talento como o da Anna, isto porque quem tem a brilhante e inovadora ideia de gravar um videoclip num cemitério, onde se roça em paredes mortuárias, merece ser devidamente aproveitada. Quem tem poder vocal para cantar na traseira de um carro antigo, a gasolina e que deita muito fumo, não merece mais que um palco igual aos melhores. E a propósito da mensagem que Anna introduziu muito recentemente no seu vídeo onde diz que pede desculpa a todos aqueles que ficaram chocados com o vídeo dela, e que o facto do mesmo se ter tornado publico não foi mais que uma brincadeira privada que numa hora infeliz ela decidiu colocar no youtube, tenho que dar o braço a torcer e dizer que a Anna é um poço de sapiência. Sim, porque só um génio consegue saber que tem ali uma diarreia cerebral, pede desculpa por isso, mas mantém o vídeo a céu aberto.
Anna, és grande!
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