Uma
epidemia.
Quem, nos
dias que correm, não tem “alguém” com cancro? Um familiar, um amigo, um
conhecido. Todos temos. Esta verdade gelada não merece discussão, é um dado
adquirido. O cancro é parte integrante das nossas vidas. Hoje, por exemplo, o
mundo inteiro sabe do que se trata a expressão “está a fazer tratamento”. Isso
é mau sinal. Tão mau sinal. Esse sinónimo de banalidade é assustador. Essa
linguagem faz parte do nosso quotidiano. E nós nem conta damos. Esse mal entrou
nas nossas vidas em bicas de pés, para não nos acordar, e anda de olhos
vendados para não encontrar a porta de saída.
Não
escolhe sexo, nem idades, nem carteiras. Pode acontecer a todos. Mentalizem-se
disso, mesmo os fiéis seguidores do “só acontece aos outros”. Infelizmente
todos nós estamos sujeitos a carregar esta cruz. Outra coisa, podem apontar,
esta luta não se resume ao doente, espalha-se por todos os que o amam. Nunca
duvidem disso. É uma bomba que cai numa casa, que destrói uma família, que
arrasta pelas ruas da dor todos os que partilham sentimentos nobres, para além
do doente, que esse, coitado, anda puxado pelos cabelos em paralelos afiados
pelo pior dos sofrimentos, físico e psicológico. Sim, nem todo o sofrimento do
doente cancerígeno se vê, a maior parte é silencioso, vive na cabeça do
portador do mal.
Aos
doentes fica a esperança, que tem que ser sublinhada, de sucesso. São cada vez
mais os que vencem esta batalha. O cancro não é imbatível. A medicina, os seus
praticantes, o doente e os seus familiares, todos juntos, são capazes de
verdadeiros milagres. Acreditem. O querer viver é a base do sucesso. Falar é
fácil, eu sei, mas nunca desistam, nem mesmo nos momentos em que tudo à volta é
escuro como breu. Não é fácil, é verdade, mas não ser fácil é bem diferente de
ser impossível.
Aos que
sofrem tanto como o doente, não no corpo, mas na mente, pede-se uma presença
constante, uma mão dada com todos os minutos de amargura. Sozinho o doente é
presa fácil, com os que o amam por perto a luta fica meia ganha. Apontem nas
vossas notas mentais que nunca uma guerra foi vencida por um homem só. Sejam o
exército do general acamado. Lutem, tanto ou mais que ele. Lutem até tocarem no
peito da vitória, aí parem, abracem-se e desfrutem do sabor da conquista.
O cancro
é assustador, tem uma força indescritível, mas há coisa que nunca terá. O
brilho da vida! Por muito grande que seja a doença, nunca será do tamanho da
vida. Lembrem-se sempre.
Se cada um de nós parasse só um pouco para pensar nesta enorme verdade, certamente deixaria de olhar só para o próprio umbigo e diminuía um pouco a ambição cega que carrega; pode até chegar a ser grande, mas Deus é infinitamente MAIOR.
ResponderEliminar