Ontem...
Dormi pouco e o pouco que dormi foi tempo de antena reservado a pesadelos. Foi realmente incrível.
Três horas na estrada. Demorei uma hora e trinta para chegar ao inferno e precisei do mesmo tempo para regressar ao paraíso. Quase uma hora para fazer os primeiros quarenta e cinco quilómetros do dia. Às oito da manhã.
Ainda não eram nove horas e os nervos quase me levavam a arrojar com esforço pela boca as matérias que no meu estômago viajavam.
Na casa que bem conheço o cenário era de trolleys, eram mais de que muitos, de todas as cores e feitios. Carregados de códigos. Uns anotados e outros por anotar.
No caminho para o epicentro do sismo vi muitas caras. Dezenas ou centenas. Vi agonia, vi tristeza, vi dor, vi sofrimento, vi revolta. Vi tudo, menos alegria. Isso eu não vi. Nem à entrada, nem à saída.
Um amigo, entre um exame e outro, perguntava-me, de olhar caído, aquilo que há muito eu também me pergunto. Se nós temos mesmo necessidade de passar por tudo isto. Eu respondi-lhe a ele como respondo a mim próprio. Devemos ter, caso contrário não estaríamos ali. Espero que ele tenha ficado mais convencido que eu. Bem mais.
Ele, de olhar apontado ao chão, dizia-me que aquilo é de loucos. E é. Ninguém imagina, só quem sente. Aquilo é de e para loucos.
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