Estávamos quase a comemorar um ano de relação e o meu led continuava em cima de uma mesa, bem foleira por sinal, que para além de me roubar espaço e dar um aspecto horrível ao quarto, não estava à altura do que carregava.
Não era preguiça, eram mesmo os 150€ que a Samsung queria por um suporte de parede que me faziam aguentar aquela mesa ranhosa aos pés da minha cama. Diziam eles, os da Samsung, em tom jocoso, que só o deles servia para o efeito e eu aninhava-me sempre, trinta contos numa coisa que só segura é um abuso dos diabos e quem não pode arreia.
Sofri muito nestes quase doze meses, mas fui forte, esperei, esperei e esperei, até que, voilá, apareceu o suporte da minha vida, aquele com que eu sempre sonhei. Quanto custou? Quanto? 29,99€!! Um pouco menos do que me exigiam os outros senhores armados em importantes. Menos vinte e quatro contos, mais precisamente.
E lá fui eu, com ajudante, é certo, mas fui eu de berbequim em punho, qual homem da casa, e furei a parede que nem um leão. Dois senhores furos. Os meus primeiros furos numa parede. Orgulhoso, chamei os meus pais que olharam babados para os mais belos furos alguma vez feitos por um berbequim.
Sinto-me, desde ontem, capaz de ter uma casa só minha.
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