Comprei-a há uns sete ou oito anos. Na altura custou-me, se não me engano, uns trinta e cinco contos. Tinha ganho quarenta num trabalho de verão e achei por bem gastá-lo quase todo de uma vez, não fosse ele estragar-se.
O certo é que foi uma compra dos diabos. A maquineta já correu meio mundo e, acreditem ou não, o carregador nunca saiu de casa. A bateria chegava a durar meses, isto com um uso quase diário ou mesmo diário, como acontece de há dois anos para cá. Porém, e com muita pena minha, nos últimos tempos tenho sentido que o fim se aproxima. Passou de uma performance excelente para uma mediana ou mesmo fraca. Aguenta três ou quatro trabalhos e pede carregador. Pobre coitada.
Adorava que ela vivesse até ao Natal, vou fazer por isso, mas não prometo nada. Se ela durar até lá, muito bem, podem oferecer-me uma nessa quadra, caso não dure, eu serei obrigado a substitui-la antes disso, para mal dos vossos pecados. Sim, porque uma máquina de barbear era o mais baratinho que eu ia pedir.
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