sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carlos Mané

Eu sou portista, o Mané joga no Sporting e este jornalismo mete-me nojo.
O pai deste miúdo, que tem apenas dezanove anos, está foragido da policia desde fevereiro do ano passado, mas este jornaleco entendeu que ontem era o dia ideal para o país saber disso. Guardou uma tira da capa para contar aos portugueses que o pai do jogador do Sporting está envolvido em tráfico de droga e por isso fugiu do país. A que propósito? Passado um ano. Alguém me consegue explicar? Só vejo nisto uma tentativa, que espero frustrada, de desestabilizar alguém que está a dar os primeiros passos, por sinal firmes, no panorama do futebol nacional.
O rapaz não tem qualquer contacto com o pai há anos e estes jornalistas de trazer por casa saem-se com uma noticia destas. Ó país pequenino este!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Os Tordos

O João escreveu uma carta ao Fernando. O filho escreveu uma carta ao pai. O Fernando foi para o Brasil e deixou o João em Portugal. O pai foi e o filho ficou. O pai é cantor e o filho é escritor.
O menino, já grande, tornou publica uma dor que é normal em quem vê os braços de um pai partirem para longe dos seus. O menino, já grande, disse que o seu pai partiu porque tinha uma reforma de "duzentos e poucos euros" e "uma pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores". O menino, já grande, partilhou com os portugueses que o seu pai ganhava "à bilheteira" em "salas cheias, meio-cheias e, por vezes, quase vazias". O menino, já grande, sente-se feliz porque admira a coragem do seu pai por "começar outra vez num país que quase desconhece".
As redes sociais tornaram esta carta viral. As televisões fizeram reportagens, os jornais deram-lhe páginas e as revistas guardaram-lhe folhas. O país emocionou-se com a dor do João. Os portugueses levantaram-se para aplaudir o Fernando. Alguns portugueses, nem todos, diga-se. Eu, por exemplo, não o aplaudo, nem sinta que tenha que o fazer. Muito sinceramente.
Lamento, como filho que sou, toda e qualquer separação de um progenitor e da sua cria, grande ou pequena, rica ou pobre, conhecida ou desconhecida. Lamento-as todas e sempre.
Admiro, como já aqui o disse por várias vezes, todos os que um dia tiveram a coragem de ir. Infelizmente tenho por esse mundo fora muitos familiares, amigos e conhecidos, a viver sabe Deus como e a trabalhar como se não houvesse amanhã para poderem cá chegar quando o sol dura muitas horas por dia com um sorriso no rosto a fazer de conta que lá fora "é que é".
O Fernando chama à sua suposta emigração uma "ida ao Brasil" e descansa os entes queridos ao dar como certo o seu regresso a Lisboa "no fim de Abril". O Fernando, segundo o João, "partiu com uma mala às costas e uma guitarra na mão". O Fernando, antes de ir, foi lá ver como era aquilo. O Fernando diz que "no plano cultural, o nosso País vive um dos seus tempos mais sombrios".
Os que emigram, os que emigram a sério, vão sem saberem quando voltam. Os que emigram, os que emigram a sério, levam o medo do que vão encontrar e, muitos, um filho ou dois na mão. Os que emigram, os que emigram a sério, partem para o desconhecido, sem saberem bem onde vão dormir e comer. Os que emigram, os que emigram a sério, dizem que na mesa deles não há de comer, que o frigorifico parece um armazém abandonado, que o dinheiro não chega para pagar uma casa pobre e a luz e a água que por lá se gasta.
Ó João, imagino que te doa saberes que o peito onde já muito terás chorado está agora a milhares de quilómetros de ti e que entre vós vive um oceano chamado Atlântico. Ou melhor, nem imagino. Não imagino, nem quero imaginar. Desculpa-me o egoísmo. Quanto à reforma do teu pai, essa maldita, que só pesa duzentos e poucos euros não devia merecer um lamento publico, mas sim uma pergunta direccionada. Devias perguntar ao teu pai por que raio ele não descontou durante uma vida inteira em consonância com o que ganhava. Sim, João, porque se o teu pai ganhava, como tu dizes, "à bilheteira", sendo certo que cantou muitas e muitas vezes para milhares de pessoas, mesmo que ganhasse só um euro por pessoa, que não ganhava, ele tem que ter ganho muitos milhares de euros durante todos estes cinquenta anos de carreira. Declarou-os, João? Fez descontos, João? Pergunta-lhe. Estás feliz pela coragem do teu pai, mas eu não entendo essa tua felicidade. Até entendia que estivesses feliz se o teu pai fosse um corajoso de verdade, mas no fundo ele apenas decidiu mudar-se para um país tropical, onde estará, por certo, bem instalado a fazer aquilo que mais gosta e, claro está, a ser ressarcido pelo que faz. Vou-te contar uma coisa: os meus pais também gostavam de emigrar para o Brasil, para terem uma vida tranquila num país quente e simpático, tal como o teu pai quis, mas se um dia isso acontecer eu vou ficar triste, muito triste, e se alguma alegria me tocar, será a alegria de saber que eles estão a gozar a vida conforme merecem e pela qual trabalharam. Não lhes vou chamar corajosos. Isso chamo ao meu pai que foi para Angola lutar pelo nosso país, sabe Deus em que condições, e no fim nem a um obrigado teve direito.
O país está mal e vai continuar, porque nós por cá continuamos a andar ao colo com aqueles que não precisam e escondemos os que realmente são necessitados por baixo destas histórias de encantar. Felizmente nem todos os portugueses andam a dormir e é por isso que muitos não se levantaram para aplaudir esta história supostamente triste. É preciso é que os que ainda dormem acordem de uma vez por todas e entendam que há quem não tenha dinheiro para comer e para pagar um tecto.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Palavras do amor


Caí no planeta terra e estava perdido
Vi-te, desejei-te e mantive-me escondido
Procurei-te na multidão e olhei-te sem parar
Tinha vontade de muita coisa mas não conseguia falar
Queria pegar em ti e ter-te só pra mim
Caminhar num horizonte, num horizonte sem fim
Um dia estava longe e cheguei perto de ti
Estava a 100kms mas parecia que estavas mesmo ali
Aos poucos fui vendo aquilo que eu já adivinhava
Tu eras uma estrela, uma estrela muito iluminada
Lutei muito pra seres minha, era o que eu mais queria
No dia em que me disseste sim, senti mais que alegria
É por ti que eu respiro, por ti dou a minha vida
Dou o corpo e a alma pra te sentires uma mulher preenchida
Tens tudo o que sonhei e até um pouco mais
É como querer ter um barco e depois ter um cais
Quando olho pra ti vejo beleza e um brilho próprio
Ando embriagado de amor e não quero ficar sóbrio
Contigo embalo em sonhos e acordo em realidades
Penso e acredito que somos duas metades
Duas metades que foram unidas com muito amor e carinho
É bom acordar numa cama vazia e saber que não estou sozinho
Por vezes olho pra ti e vejo uma criança indefesa
Mas depois olho melhor e vejo uma princesa
Gostava de te dar o mundo e todo o universo
Mas como não posso digo-te o que sinto em verso.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Berg

A vitória foi mais do que merecida. O homem canta que se farta.
Parabéns, Berg. Espero sinceramente que o Portugal musical não te perca.
É ouvir e ouvir e ouvir esta versão da "Chuva". Entra no peito.