quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Dois mil e...

Passou mais um ano. Assim, num abrir e fechar de olhos. Deste que hoje acaba só posso falar bem. Graças a Deus. Olho para trás e vejo que tive saúde, que fui feliz, que realizei muitos dos meus desejos, alguns de uma vida. Os meus, aqueles que amo, estão bem, estão perto de mim e sempre presentes. Isso é o que realmente importa. Quero-me sempre assim, feliz e de coração cheio. É de peito feito que vos digo que este será um ano que eu jamais irei esquecer. Não que tenha sido mais que outros que já lá vão, também teve dias menos bons, como todos os que já foram, mas marcou e carimbou muitas conquistas minhas. E é isso que fica, é isso que eu guardo, com o resto eu aprendo. Não tenho espaço para guardar dores e rancores. Recuso-me a isso. A vida é demasiado curta, acreditem. Isto do viver não é mais que uma passagem, não tem tempo para ter defeitos. Procurem virtudes no vosso dia a dia, olhem para quem vos ama e sintam-se recompensados, não invejem ninguém, queiram ser melhores por vós mesmos, não pelos outros, procurem os vossos amigos nas horas boas, mas não permitam a vossa ausência em horas contrárias, queiram mais, todos os dias, mais para vós e para os vossos, tenham gestos, mesmo que pequenos, que marquem e à noite, sempre que se deitarem, fechem os olhos e procurem o gesto que marcou o vosso dia, se o encontrarem vão ver que o vosso sorriso vai adormecer no vosso rosto, bem por baixo do vosso nariz.
A quem me fez bem o meu obrigado, a quem me prejudicou o meu obrigado também, aprendi com ambos, mas permitam-me selecionar. Na minha vida só diz presente quem eu quero. Sempre foi assim, mas isto da idade acaba por vincar certas maneiras de ser e de estar, não estranhem.
A quem me lê desejo um ano novo cheio de saúde, farto de paz e coberto de alegria. Que cada dia seja realmente uma nova oportunidade, vamos fazer com que valha a pena viver e sejamos felizes, de verdade!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sem tempo, mas feliz

Hoje um amigo reclamou. E com razão.
O blog está parado há mais de um mês. Nunca tal aconteceu.
Eu com tanta coisa boa para contar e o mundo a viver na ignorância.
Ando feliz. Feliz como há muito não andava. Ou, indo mais longe, feliz como nunca andei.
Não vos quero dizer que estou mais feliz do que nunca. Não, não é isso. Sempre fui feliz, mas esta é uma felicidade diferente. É ser homem realizado. É viver de peito cheio. É sentir-me completo. É querer e ter. É ser útil e preciso. É ser importante. É ter peso na hora de decidir. É ser o que sempre sonhei. É ter o que sempre quis. É ter o que amo e ser o que quero todos os dias. Todos os santos dias!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Não me esqueci

Não, não me esqueci do blog, perdi foi o tempo que era dele.
Para quem me lê fica o meu pedido de desculpas. Tem sido mesmo impossível.
Logo que possa vou sentar-me convosco à mesa e vamos conversar com calma.
Até lá.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Marinho Pinto, o verdadeiro

A entrevista de quem diz que um "salário de 4.800€ não permite padrões de vida muito elevado em Lisboa" está aqui. Façam o favor de a ler. É sempre bom conhecer aquele que muitos apelidaram de justiceiro e de dono da verdade. Percam um pouco do vosso tempo e no fim digam-me se é deste tipo de pessoas que o nosso país precisa. Eu, infelizmente, já o conhecia, mas para todos os que defendiam enquanto ele se cobria de cinismo e hipocrisia fica a apresentação do verdadeiro Marinho Pinto.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Cancro,

vou tratar-te por tu porque nós, infelizmente, já temos uma história.
Conhecia-te de nome, nunca tinha privado contigo, até que um dia resolveste aparecer, sem ser convidado, como é teu costume, e eu fui obrigado a ter-te na minha vida, nos meus dias e nas minhas noites. Sim, nem na hora do descanso me largaste, eu tive que dormir contigo ao meu lado, acordar e ver-te lá, no mesmo sitio onde estavas quando eu me deitei. Lembras-te? Aposto que não. São tantas as camas em que te deitas, por que razão haverias tu de te lembrar da minha? Lembro-me eu. E bem! A minha cama virou um berço porque eu, homem feito, virei um bebé. Eu estava indefeso, sem chão, de mãos dadas com o desespero, nos braços da agonia e com o peito esmagado pela dor. E mesmo assim, tu, não te inibiste de estar ali, a olhar-me nos olhos, durante cada segundo do meu dia a dia, a dar gargalhadas de vitória, enquanto eu chorava prostrado diante de ti e te implorava para ires embora. Propus-te uma troca, ofereci-te a minha vida, disse-te que a levasses, mas que deixasses as daqueles que eu amo. Ignoraste-me. E tudo foi como tu quiseste. Tudo!
Deste luta, mas acabaste por partir, desgostoso, acredito, por não teres o que querias, mas foste e espero, por tudo o que de mais sagrado tenho, que tenhas ido de vez. Não me ri, nem mesmo quando viraste costas, porque sei, e essa é a mais importante das armas, que tu és mais forte que qualquer um de nós. Sei quanto vales e até onde podes ir. Sei também que por muito que lutemos tu nunca irás perder, podes é desistir e depois disso a nós resta-nos rezar e pedir a Deus que evite o teu regresso.
A tua maldade não tem limites e isso é assustador. Tu não escolhes idades, tu tanto atacas um homem como uma mulher, tu desafias os adultos e os idosos, e pior, és capaz de querer medir forças com uma criança. Uma criança, porra! Com poucos anos, algumas com meses, e até mesmo com semanas ou dias de vida. Páginas de uma história que está ainda em branco, que nem o "era uma vez" tem, e tu nem tempo lhes dás para sonhar. Porquê? Que mal te fizeram essas crianças para as arrastares pelas ruas do sofrimento? Tem vergonha! Cada pessoa que tu arrastas, seja ela quem for, não rasteja sozinha, vai de braço dado com a mãe, o pai, a mulher, o homem, o filho, a filha, o irmão, a irmã, o amigo, a amiga, um universo infinito de gente que sofre, que tem uma dor que não é física, mas que dói tanto que mais parece.
Nem te devia dizer, provavelmente regozijas-te com isso, mas contigo presente tudo deixa de fazer sentido. A vida perde cor. O dia a dia é um fardo demasiado pesado. Os que atacas, caem numa cama, e os outros, os que amam quem cai, andam de pé, mas no fundo estão deitados, deitados aos teus pés a pedir-te, por tudo, para os deixares viveres outra vez. Só mais uma vez.
É estranho o que te vou segredar, mas é verdade, é a tua presença que muitas vezes nos mostra quão boa a vida é. Sabes porquê? Porque és tu, meu maldito, que nos mostras que todas as pequenas coisas da vida são boas, até aquelas que nós intitulamos de más. É contigo que entendemos que um arrufo de amor, uma chatice no trabalho, um toque no carro, um telemóvel partido, um emprego perdido, um divórcio, um estalo, um insulto, uma ameaça, uma despedida, uma distância, sei lá, uma série de coisas, daquelas que tantas vezes no atormentam, não valem nada. Rigorosamente nada! Porquê? Porque importante mesmo é estarmos rodeados de gente que nos ama, gente que realmente nos quer bem, gente que ri só porque nos vê rir, gente que chora connosco mesmo sem saber o motivo, gente que exulta com as nossas vitórias, gente que nos dá a mão quando caímos, gente que gosta de nós como somos, cheios de defeitos e com muitas virtudes, gente que sente de coração cheio, sem falsos moralismos, sem cinismos, gente que nos olha nos olhos e, mesmo em silêncio, nos diz aquilo que realmente nós queremos e precisamos de ouvir.
Sabes, cancro, tu és terrível, tens uma força desmedida, és aquele que vence quase sempre, mas não tens o brilho da vida. Não, não tens. Não tens e nunca vais tirar. A vida será sempre mais que tu, independentemente do teu tamanho.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Citius

Eis o primeiro dia do novo ano judicial.
Viva Portugal!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Meo

Após a instalação do serviço é efectuada uma chamada telefónica para o cliente, tentando saber junto do mesmo qual o nível de satisfação em relação ao trabalho realizado.
A conferência telefónica foi muito profissional. Para terem uma ideia do quão profissional foi posso dizer-vos que eu julgava tratar-se de uma gravação e só não desliguei porque instantes antes de o fazer a senhora repetiu uma das perguntas e eu entendi que estava a falar com um ser humano e não com uma máquina. Foi super estranho, acreditem. Certo é que, e continuando com a história, eu dei-me ao trabalho de efectuar uma série de avaliações, todas numa escala de zero a dez, sobre tudo e mais alguma coisa, desde o horário de chegada do técnico, à limpeza do mesmo. Tudo corria muito bem até que a senhora me perguntou em quanto é que eu avaliava a vestimenta do senhor que lá foi fazer a instalação do serviço e eu disse que não estava a entender porque eu, por acaso, não tenho o hábito de avaliar os senhores que trabalham para a Meo, mas que tudo indicava que ele ia com umas calças e com uma t-shirt. Não satisfeita com a pergunta, na minha maneira de ver parva, seguiu-se uma outra da mesma categoria, sendo que nesta a senhora me questionou acerca dos cabos, se estaria bem instalados, ao que eu lhe disse que disso percebo zero, mas presumo que sim, visto que as televisões estavam a funcionar perfeitamente. Terminamos assim uma conversa que foi do profissional ao apalermado, mas que terminou com boa disposição e uma gargalhada de ambos os lados.
Importa referir que, como é óbvio, a senhora só pergunta o que lhe mandam, mas a Meo escusava de incomodar as pessoas com perguntas que pouco ou nada interessam aos seus clientes.
Já agora, e aproveitando o tema do post,  quero lamentar o imenso tempo de espera a que esta operadora sujeita os seus clientes sempre que é imperativo entrar em contacto com a sua linha de apoio. É inadmissível!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Meet

Infelizmente, e pelo que se tem visto, agora é moda.
Não me vou alongar no tema para evitar más interpretações. Lamento, apenas, que no nosso país só peguem as "modas" que em nada nos dignificam.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Férias, o resumo

O fim é mesmo o único defeito das férias. E as minhas já terminaram.
Uma semana em território nacional, outra fora de portas. Furadouro e Saidia.
Em Portugal passei uma excelente semana no Furadouro. Rica terra. Pequena, pacata, mas com tudo o que o descanso exige. A praia já foi maior, é verdade, mas ainda há muito onde estender a toalha. A restauração não é muita, mas a que tem é de qualidade. Destaco dois nomes: o Café Amadeu e a Casa do Pescador. O primeiro fica junto ao mar, na avenida principal, e embora se chame café tem uma óptima cozinha para saborear na esplanada, de preferência. O segundo fica meio escondido, numa rua secundária, mas também perto do areal e, como o próprio nome sugere, tem no peixe a sua especialidade. Há de tudo e tudo muito bom. O aspecto exterior desta última casa esconde um interior muito bonito. Não passem e sigam, espreitem e entrem. Quero salientar que o preçário de ambas as casas também é convidativo, não se praticam aqueles preços próprios de quem vive perto da rebentação do mar. É até bastante acessível. Acreditem.
Na minha segunda e última semana de férias apanhei um avião com destino a Marrocos. Uma viagem curta, de uma hora e trinta, o que é sempre muito bom, com destino a Saidia. Depois de ter estado, há três anos atrás, em Marraquexe e de me ter apaixonado por aquela cidade, que merece, sem qualquer margem para duvida, uma visita e um descobrir cuidado de tudo o que por lá há, fui agora para um resort, num estilo de férias totalmente diferente do vivido na minha primeira visita aquele país, numa zona que apenas tem turismo há sete ou oito anos e esta foi mesmo para descansar e não para andar. Foi muito na base da espreguiçadeira, da piscina, da praia, do bar e do buffet. E quanto a isso não me posso queixar. O hotel é muito bom e a praia, mesmo sem o aspecto das caraíbas tem um mar calminho, com água quente e um areal muito fino. Vale a pena.
Surpreenderam-me os marroquinos, presumo que com dinheiro, que estavam no hotel. O buffet era para eles um local de javardice, onde faziam questão de mostrar que estavam ali para estragar mais do que comiam, bem mais. Coisa que a mim pessoalmente me deixa completamente alterado. Detesto ver gente a estragar e a desperdiçar comida. Fora disso não tenho nada a apontar. Os empregados, de forma até engraçada, fazem um esforço tremendo para falar o português e só não faziam o que não podiam. Pessoas adoráveis que, e isso ainda se nota, precisam de limar algumas arestas do ramo da restauração, mas quem dá o que tem a mais não é obrigado e tenho a certeza que irão melhorar com o tempo.
E pronto, quanto a férias estamos esclarecidos. Resumidamente foi isto.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Nove anos sem ti

Fui ontem à tua missa, amigo.
Já passaram nove anos desde a tua partida. Nove anos assim, num abrir e fechar de olhos.
Estive com os teus, carregam a mesma dor desde o dia em que lhes disseste adeus, mas vivem, lutam e não desistem. Admiro-os. É assim que tem que ser, eu sei, é assim com todos nós, também sei, mas a eles admiro-os mais ainda. Não me perguntes porquê. Talvez o carinho que nos une seja culpado dos olhos com que os observo. Talvez.
Estejas lá onde estiveres sei que vais tomar conta deles e fá-lo da forma que tens feito. Ontem vi sinais de que lhes tens mostrado o caminho certo da vida. Dá-lhes força, que eles bem precisam e bem merecem. Para mim não peço nada, sei que não preciso. Conheço o teu coração.
Um abraço, Tiago. O nosso abraço.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Manuela Moura Guedes

Gosto do Quem Quer Ser Milionário. Não gosto da Manuela Moura Guedes. Do programa sempre gostei, dela nunca gostei muito. O problema é que nesta altura não é possível separar uma coisa da outra e por isso, com muita pena minha, tive que deixar de ver este concurso.
Não entendo como permitem que a apresentadora tenha a postura que tem. A senhora parece que está ali a fazer o jeito aos concorrentes, então se não gostar de quem lá está a tentar ganhar algum está o caldo entornado, chega mesmo a ser mal educada. Não se admite.
Ó Dona Manuela se não gosta do que faz, se está contrariada, demita-se. O país agradece!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O sucesso de um amigo

Há uns atrás, era eu um adolescente que dava uns pontapés na bola, o meu clube apresentou-me um novo treinador e a vida tratou de o transformar num amigo daqueles que ficam para sempre, mesmo que à distância. Com ele aprendi muito daquilo que se deve fazer dentro das quatro linhas de um campo de futebol, mas mais importante que isso foi tudo o que ele me ensinou com a bola longe dos pés. Com ele cresci, aprendi a ser mais homem e, acima de tudo, tornei-me um ser humano melhor. E hoje, passados catorze ou quinze anos, já nem sei bem, a nossa amizade mantém-se e ainda bem que se mantém porque gente boa e de coração cheio fazem sempre falta e sabem-nos sempre bem.
No que à bola diz respeito, rapidamente se notou que este treinador tem uma característica que só os predestinados têm, isto na minha opinião. Está nele bem vincada a capacidade de retirar o melhor de cada um dos que trabalham consigo e quando assim é tudo se torna mais fácil. A amizade e a união que ele cria no grupo faz com que os que dele fazem parte se sintam capazes a dar tudo pela equipa, pelo treinador e pelo clube. A realidade é que este treinador tem tido sucesso por onde tem passado e como todos nós sabemos nada acontece por acaso e o sucesso vive de mão dada com o trabalho. Só quem trabalha muito pode atingir determinados patamares. O trajecto deste meu amigo tem sido feito com passos seguros e sempre bem dados, com a paciência que só os que sabem o que querem têm.
Hoje ele é treinador dos juniores da Académica de Coimbra e eu só posso dizer a quem é da Briosa e a quem confiou nas qualidades deste senhor da bola que a escolha não poderia ter sido mais acertada e o futuro dar-me-á razão, tenho a certeza.
Um dia vou vê-lo em estádios da dimensão da sua qualidade, em jogos que a televisão vai transmitir e eu, se Deus quiser, estarei por perto a aplaudi-lo e a dizer-lhe que tudo o que ele conquistou foi mais do que merecido.
O sucesso dos meus amigos sabe-me tão bem como o meu, por isso e por tudo o que me une ao Professor Miguel eu só posso desejar-lhe o que de melhor esta vida tem.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Pós cirurgia

Quarenta dias após a cirurgia eu voltei a correr.
Saí de casa só para experimentar, ainda na duvida se corria ou caminhava, comecei a acelerar o passo e só parei quando voltei ao ponto de partida. Foram quatro quilómetros e qualquer coisa a um ritmo aceitável para quem esteve na prateleira desde abril.
O joelho portou-se lindamente, mesmo sem a massa muscular no seu estado normal. Notei, como era de prever, que perdi pulmão, mas isso não é nada que não se consiga resolver. Importante é que o que realmente me preocupava respondeu da melhor maneira possível. Hoje, passados dois dias, estou com aquelas dores musculares que já não me lembrava de ter, mas feliz.

terça-feira, 8 de julho de 2014

O mundial de Portugal

Que nada acontece por acaso já todos sabemos, ou, pelo menos, desconfiamos. E, isto cá entre nós, ninguém engoliu muito bem aquela história de que foi a humidade e o calor que não os deixaram correr no Mundial do Brasil. Podiam prejudicá-los, mas não os tolhiam como os tolheram. As escolhas, essas, também não foram as melhoras, verdade seja dita, levamos para lá muito homem a precisar de fisioterapia, é verdade, mas podiam, pelo menos, ir com vontade de representar um país, com o mínimo de profissionalismo que se exige a um atleta que está presente numa fase final de um Mundial.
O certo é que há quem tenha ido para o Brasil com objectivos previamente traçados e nenhum deles passava por deixar em campo sangue, suor e lágrimas. E nós, aqui feitos parvos, a acreditar que era possível irmos longe, muitos sonharam até com a conquista inédita do troféu, outros acharam que eles iam dar o que tinham e o que não tinham por nós, e houveram até aqueles, os que são de bom tempo, a terem a certeza, mesmo vendo os outros a correrem muito mais, que eram as elevadas temperaturas e a muita humidade que não os deixavam ser melhores.
A verdade é que o Beto, ainda antes do Mundial ter começado, já estava a organizar a sua vida no nosso país irmão, prova disso é o facto de Deh Alves estar à sua espera no hotel logo depois do jogo entre Portugal e o Gana, provavelmente o facto de Beto ter chorado em campo motivou a visita desta manequim brasileira, tentando assim animar o guarda redes português, que, mesmo lesionado, satisfez a menina e deixou-lhe uma excelente imagem.
Resumindo, é sempre bom saber que enquanto os portugueses que por cá ficaram lamentavam a nossa precoce eliminação da competição o Beto estava a dar uma boa imagem do macho português em camas brasileiras. Houve até tempo para um arrufo amoroso entre o casalinho, sendo que Cristiano Ronaldo, como bom capitão de equipa, tratou logo apaziguar as coisas. Muito bem, malta!
É ver para crer!

terça-feira, 1 de julho de 2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Rowden e Leizel

Rowden e Leizel estavam noivos há quatro anos, foram pais de uma menina há dois e iam casar no próximo dia oito de julho. Iam. A vida não deixou. Um cancro no fígado de Rowden fez deste conto de fadas um filme de terror. Com apenas vinte e nove anos o corpo deste jovem cedeu e por muito que ele tenha lutado, acabou mesmo por sucumbir, mas não sem antes realizar o seu maior sonho, aquele que tinha sido prometido há dois pares de anos atrás, quando a vida ainda era justa, o casamento com o amor da sua vida. E assim foi, Rowden e Leizel casaram-se no hospital, na presença emocionada dos seus entes mais queridos e tendo como principal testemunha o fruto daquele amor, a filha de ambos.
A vida nem sempre é como nós queremos, mas nem tudo tem que ser como ela quer e se há coisas que a vida não nos leva são os sentimentos, esses ficam para sempre, mesmo depois da morte, como ficou, certamente, o amor deste casal.
Sejamos também nós testemunhas deste amor. Arrepiem-se e chorem.

Rowden faleceu dez horas depois de se ter casado.

terça-feira, 24 de junho de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

É o que é!

Importante é a barba do Meireles, a selfie com o Cavaco Silva, a ausência do Quaresma, a loucura à volta de Ronaldo, o hotel onde vai ficar a equipa, os quartos personalizados para os jogadores, as pessoas que foram assistir aos treinos, a camisola dada a quem invadiu o campo, as conferências de imprensa e o clube em que vão jogar os nosso jogadores na próxima época. Isso é que é importante. Os treinos, a adaptação ao clima, a concentração, o estudo do adversário e a noção de que esta é uma competição onde errar é proibido não interessam a ninguém. Poderá não ser só por aqui, mas a derrota de ontem também passa por aqui. Disputar um mundial está acima de qualquer capa de jornal, de qualquer página de revista e de qualquer abertura de telejornal. Estes rapazes têm que estar lá de corpo e alma, de coração nas mãos e capazes de comer relva, se preciso for. Só assim chegaremos onde todos queremos e onde eu acredito que chegaremos.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Estacionamento palerma

Em Vila Real, o chamado estacionamento palerma. Ou melhor, os estacionamentos palermas. Foram dois, no mesmo local, no espaço de uma hora. Era importante, para o bem estar do mundo em geral, que as pessoas entendessem que a liberdade delas termina quando começa a dos outros.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Cirurgia do menisco

Correu tudo muito bem, segundo o autor da obra.
Até à data não tive uma única dor, o que é realmente fantástico. Nada a ver, portanto, com a cirurgia de dois mil e oito ao ligamento cruzado anterior. Esta foi, no que ao pós operatório diz respeito, muito tranquila. Quatro dias de muletas e depois comecei a andar, devagar, é certo, mas a andar, sendo que apoiei o pé da perna operada desde o dia da cirurgia. Foram apenas seis dias com linhas no joelho, ao sétimo dia já não tinha qualquer ponto, apenas os steri-strips. A fisioterapia começou quando os pontos terminaram e tudo corre muito bem. Caminho quase sem limitações, dobro o joelho com facilidade, embora sem a amplitude máxima que virá com o tempo, e conduzo normalmente.
Agora é uma questão de tempo, mas acredito que ficarei totalmente recuperado.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Malta da bola,

sei que tudo farei para que o meu regresso aconteça, acreditem, mas também tenho presente que nem tudo depende de mim e é com isso no pensamento que quero, desde já, agradecer a todos os que de alguma forma, ao longo destes vinte e dois anos, fizeram parte da minha vida futebolística. O meu obrigado aos que comigo partilharam as quatro paredes de um balneário, àqueles que foram como irmãos dentro das quatro linhas, aos adversários que estiveram do outro lado, aos muitos treinadores que acreditaram em mim enquanto jogador e enquanto homem, aos vários directores que nunca deixaram que nada me faltasse, aos departamentos médicos que tantas vezes cuidaram de mim e aos adeptos que sempre me respeitaram. Cada um de vós tem em mim um amigo, garanto.
O futebol é muito mais que uma bola e vinte e dois jogadores, é muito mais que treinos e jogos, é muito mais que um remate ou um passe, o futebol é um sentimento que não morre, por isso, aconteça o que acontecer, o futebol vai estar sempre dentro de mim e se tiver que lhe dizer adeus sei que o farei com as lágrimas nos olhos, sei que vai doer muito, mas com a certeza de que valeu a pena, pelas amizades, pelos ensinamentos, pelas experiências vividas, por tudo.
A todos o meu eterno obrigado, de coração.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Manuel Palito

Ao que tudo indica Manuel Baltazar, mais conhecido por Palito, assassinou a tia e a mãe da sua ex-mulher, e, para além disto, terá disparado também sobre a filha e a ex-mulher, que, felizmente sobreviveram. Isto é do conhecimento publico. Há mais de um mês que não se fala de outra coisa nos meios de comunicação social. O país inteiro sabe quem é este homem e o que, supostamente, terá feito. Agora que temos isto como certo, alguém é capaz de me explicar por que razão havia gente, à entrada do tribunal, a aplaudi-lo? É que eu não entendi. Agora batem-se palmas a quem foge da polícia, por quem era procurado, há mais de trinta dias por estar acusado de ter matado duas pessoas e ter ferido outras duas com uma arma de fogo? Está tudo maluco, é?
Até entendo que o alargado insucesso das autoridades policiais e o consequente tempo de fuga possam ser, como efectivamente foram, motivo de chacota e de riso, como comprova a concorrida página de facebook criada com o nome do fugitivo, mas tudo tem limites. O homem foi apanhado, foi decretada a prisão preventiva e agora vai aguardar pela mão da justiça. O circo acabou. Quando quiserem aplaudir alguém aplaudam alguém que fez mal a um dos vossos. Se tiverem estômago para isso, claro.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vou à faca!

Em trinta anos de vida esta é, por incrível que pareça, a minha sexta cirurgia. A segunda ao joelho direito. Todas com anestesia geral. Se há seis anos foi o ligamento cruzado anterior que me atirou para a mesa de operações, desta vez é o menisco. Coisa simples, diz quem opera.
Os medos estão presentes, principalmente em quem me é próximo. Eu, muito sinceramente, não tenho muito. Quero é despachar isto de uma vez por todas, mesmo tendo a perfeita noção de que todas as cirurgias têm riscos, principalmente as que exigem a anestesia geral, que é, muito sinceramente, o que sempre me preocupa mais.
Dia vinte e sete lá estarei, nas mãos de quem cuidou de mim há seis anos atrás, com a certeza de que tudo correrá da melhor forma possível. Deus é grande e nunca me falhou.

terça-feira, 20 de maio de 2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Vai Anna | Go Anna

Façam o favor de ver o vídeo antes de me lerem. A Anna merece.
Já viram? Muito bem.
Eu conheci a Anna há uns dias e desde então que ando para vos falar dela, o que, como devem compreender, não é fácil. A Anna é uma mulher que se considera bonita, que tem a certeza que é sensual e acredita que canta bem. É isto que ela, com relativa facilidade, transmite durante todo o seu videoclip. E está no direito dela. A Anna é uma pessoa livre de pensar e fazer o que quiser. A Anna e eu. E eu acho que a Anna, coitada, tem uma certa dificuldade no pensar. E digo isto porque se ela pensasse a uma velocidade moderada, nem lhe vou exigir a rapidez, apenas a moderação, não estaria a tornar-se uma figura quase pública por fazer um videoclip, se é que lhe posso chamar assim, num cemitério, onde, enquanto grunhe, se roça em gavetas de cemitério que guardam para a posterioridade pessoas que, independentemente das suas vidas, merecem o eterno descanso. Coisa que a Anna não lhes permitiu durante minutos, ou horas, não imagino quanto tempo terá demorado esta fantástica produção quase Hollywoodesca na parte do cemitério. Sim, porque a Anna não está só no cemitério, esta carinha laroca veste um casaco que brilha, vai para umas escadas e agarra-se a um corrimão onde continua com os seus grunhidos. Contudo, e tenho que ser honesto, a parte que mais me agrada, não menosprezando o roço das gavetas do cemitério, surge mais ou menos a meio do vídeo, onde a Anna aparece numa alcatifa velha, de joelhos e a contorcer-se, como que se tivesse com gazes, a levar com um fumo, que ao que parece está a sair de um cano de escape de um carro antigo e a gasolina, e, mesmo assim, ela consegue continuar a cantar, embora se note que a nível da visão ela sinta algum desconforto. E depois, para finalizar, a Anna canta, na tal alcatifa velha, com o fumo do carro antigo, a contorcer-se e a levar com notas de dez e de vinte euros no focinho, como que a dar um ar de menina que recebe dinheiro para se entregar mais de corpo que de alma.
Não podia deixar de vos chamar a atenção para o final do videoclip, onde a Anna entra no lugar do passageiro de um carro que não tem condutor, sendo certo que esse facto não impede que o mesmo se movimente enquanto a pequena Anna nos pisca o olho num sinal claro de adeus. Espectáculo!
Espero, muito sinceramente, que o mundo musical português não deixe escapar um talento como o da Anna, isto porque quem tem a brilhante e inovadora ideia de gravar um videoclip num cemitério, onde se roça em paredes mortuárias, merece ser devidamente aproveitada. Quem tem poder vocal para cantar na traseira de um carro antigo, a gasolina e que deita muito fumo, não merece mais que um palco igual aos melhores. E a propósito da mensagem que Anna introduziu muito recentemente no seu vídeo onde diz que pede desculpa a todos aqueles que ficaram chocados com o vídeo dela, e que o facto do mesmo se ter tornado publico não foi mais que uma brincadeira privada que numa hora infeliz ela decidiu colocar no youtube, tenho que dar o braço a torcer e dizer que a Anna é um poço de sapiência. Sim, porque só um génio consegue saber que tem ali uma diarreia cerebral, pede desculpa por isso, mas mantém o vídeo a céu aberto.
Anna, és grande!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Obeso, mas de brinco!

Hoje, numa sala de espera, uma criança chamou-me à atenção. Um menino dono de três ou quatro anos de vida, com uma argola na orelha esquerda e muitos quilos a mais espalhados pelo corpo. E enquanto olhava para ele perguntava a mim mesmo de quem teria sido a ideia de lhe furar a orelha para que pudesse usar uma argola. Do pai ou da mãe? Questionei-me, também, por que razão os pais, em vez de se preocuparem com um brinco na orelha de um menino, não se preocupam com a sua alimentação, com o seu excesso de peso e com todos os problemas de saúde que daí podem advir. O miúdo tem muito tempo para usar brinco, se assim o entender, claro. Que raio!
E, já agora, a criança fica muito mais bonita saudável, do que obesa e de argola enfiada.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Brás Óptica

Escrevo-vos como apaixonado que sou por óculos de sol.
Gosto de ser conhecedor das novas tendências e com a vinda do sol o mercado óptico agita-se, temos, portanto, que estar atentos. Os modelos, como bem sabem, são infinitos, as marcas travam lutas quase titânicas para serem lideres de mercado. E quem ganha com isso? Nós, clientes. Ganhamos na qualidade, no design e no preço. Este último, verdade seja dita, tem sempre uma palavra a dizer, a última, por sinal.
A publicidade à Brás Óptica, mesmo não parecendo, encaixa neste meu divagar óptico, na perfeição, diga-se. Porquê? É simples. Lá encontramos a qualidade, o design e o preço. A qualidade é inquestionável numa casa que trabalha com marcas como Carrera, Ray-Ban, Vogue, Gucci, Marc Jacobs, D&G, Boss, Bulgari, Prada, Versace, Chanel, todas elas senhoras de bom nome e respeitadas no mercado. No que ao design diz que respeito, acreditem, a variedade é tanta que o complicado mesmo é escolher. Por fim, o mais importante, o preço. Principalmente nos tempos que se vivem. E em relação ao preço mais que dizer-vos que são os melhores do mercado não posso.
A loja virtual, recentemente remodelada, está pronta para vos receber. Visitem-na.
Dificil vai ser parar de comprar!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Nike, just do it!

Um anúncio para mais tarde recordar. Muito bom.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Oito anos

O blog fez oito anos e ninguém deu conta. Nem eu. Foi dia quatro deste mês.
Duas mil cento e cinquenta e cinco publicações. Milhares de linhas. Milhões de palavras.
Já vivi tanto com quem me lê. Tanto, tanto! Obrigado, de coração.
Voltem sempre.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Informação

Serve a presente para informar todos os interessados que eu não atendo chamadas laborais às sete horas da manhã. Pode até não parecer, mas eu gosto de dormir, principalmente de madrugada e num dia de semana. Agradeço a vossa compreensão.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Convidado

Todos os anos a Escola Profissional do Nervir realiza a "Semana da Leitura", evento que tem contado comigo, de há dois anos para cá, como convidado. A gentileza repetiu-se e eu voltei a marcar presença nesta iniciativa, desta vez num formato diferente. Em vez da já repetida palestra realizou-se um workshop sobre escrita criativa e posso dizer-vos que, respeitando o formato, a ideia resultou muitíssimo bem. Partilhei a minha experiência enquanto autor e blogger, e pude ver, através de escritos feitos na hora, que não falta talento, falta muitas vezes é coragem para tornar público aquilo que se sente. O amor, por exemplo, foi tema para muitas linhas e os presentes mostraram-se mais do que capazes de colocar no papel aquilo que o coração lhes diz. Foram vários os textos que me foram entregues, outros já me chegaram por e-mail, mais vão aparecer, tenho a certeza, e fica a promessa de que irei partilhar aqui no blog alguns deles.
O meu obrigado à Escola Profissional do Nervir e os meus parabéns a todos os que participaram nesta bela iniciativa. Que a mesma se repita e, se possível, em mais escolas.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Isto, sim, é futebol

O médio do Dinamo de Kiev, Oleg Kusev, chocou violentamente com o guarda-redes do Dnipro e caiu no relvado inconsciente. Para piorar a situação a língua do internacional ucraniano estava a impedir a passagem de ar pela garganta, valendo-lhe a rápida intervenção do adversário Jaba Kankava, jogador do Dnipro, que acabou por lhe salvar a vida. Um gesto que prova que o futebol vai muito para além das quatro linhas e é bem maior que qualquer rivalidade.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Throttleman

O site está morto. As lojas fecharam. É mesmo verdade, a Throttleman acabou.
Tenho pena. Gostava da marca, do design e dos materiais usados.
O mercado da roupa ficou mais pobre.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Multibanco

Faz-me confusão ir a determinado sitio e não ter a possibilidade de pagar com cartão multibanco, obrigando-me, assim, a andar na rua à procura de uma caixa para levantar dinheiro. Principalmente em locais onde as quantias a pagar são quase sempre elevadas.
Aceito que não se queira ter, justificando-se os comerciantes com as taxas cobradas pelo serviço, mas o conforto, o bem estar e a segurança do cliente também deve ter algum peso na hora de abdicar deste serviço. Porque ser eu, enquanto cliente, a sair de um estabelecimento comercial, a andar na rua à procura de uma caixa multibanco para levantar dinheiro e voltar ao ponto de partida, desculpem que vos diga, mas não tem jeito nenhum. Ou evoluímos ou estagnamos. Agora que existem os serviços vamos prescindir dos mesmos porque nos cobram uma taxa? Estamos a falar, segundo sei, de sete cêntimos ou 0,2% sobre o valor da transacção, dependendo do que for mais baixo. O cliente não vale isso?
Já me aconteceu estar no balcão para pagar e não concluir a compra porque o serviço do multibanco ali não existia e vou fazê-lo mais vezes. Desculpem-me o egoísmo, mas eu não tenho que andar a percorrer ruas, que muitas vezes nem conheço, à procura de um dinheiro que é meu, mas vai deixar de ser, e sujeitar-me, depois do levantamento, a ser assaltado, por exemplo. Não tenho que correr esse risco.
Era de bom tom que quem recebe deixasse de pensar só na sua carteira e começasse a pensar em quem contribui para ela.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Um pedido

Faz-me muita confusão passar por pessoas que caminham, correm ou andam de bicicleta na berma de uma estrada vestidos de preto dos pés à cabeça, ou com roupas bastantes escuras. Será dificil sair de casa com uma roupa clara, pelo menos da cinta para cima? Já não digo para usarem roupas com reflectores, mas darem-se ao trabalho de escolherem peças claras era de bom tom. Isto ou um colete, que não custa assim tanto dinheiro quanto isso. Assim estariam a ajudar quem conduz e protegerem-se a vós próprios.
Quem vai para o mar prepara-se em terra, sempre ouvi dizer, por isso antes de sairem de casa para realizarem qualquer uma das actividades antes referidas tenham cuidado com o vestuário que usam. É o que vos peço.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Pai,

tu sabes que eu te amo, não sabes? Eu não to digo, mas tu sabes, não sabes? Não sou de falar, sou de escrever. Desculpa. Nunca to disse olhos nos olhos, em tom que permitisse que tu ouvisses. É verdade, nunca to disse. Já to escrevi vezes sem conta e repito: eu amo-te, pai. Em silêncio já gritei que te amo. Gritei com tanta força que quase fiquei sem voz. Em silêncio, pai. Em silêncio. Devia dizer-to todos os dias. De manhã, logo que te vejo, em vez do bom dia eu devia dizer que te amo. À noite, antes de me deitar, em vez do até amanhã eu devia dizer que te amo. E seriam poucas as vezes que o diria. Seriam bem menos que as que mereces. Não to digo, mas sinto, pai. Acredita que o sinto. Só Deus sabe o quanto te amo. Nem eu sei. Só Deus.
Há trinta anos que cuidas de mim, de manhã à noite, sem descansos, nem desculpas. Nunca estiveste ausente, nem mesmo quando eu estava longe. Nunca me largaste a mão, nem mesmo quando eu queria tudo menos ouvir os teus conselhos e os teus ensinamentos. Não me abandonaste, nem quando eu pensava que a vida eram dois dias, ou melhor, duas noites. Houve um tempo em que fui egoísta, em que me esqueci de ti, da mãe e de mim. Acima de tudo de vós. Nesse tempo eu era só eu. Eu vivia em função das minhas vontades parvas, convencido de que já era um homem, com a certeza de que quem bebe copos até de manhã e dorme até a lua voltar é um adulto, um ser independente. Desculpa, pai. Eu era tão pequeno, não de corpo, mas de mente. Depois, e contigo, sempre contigo, fui homem a valer, dediquei-me de corpo e alma à vida, sim porque o que eu tinha não era vida, e venci. Hoje digo-to, nunca no to disse, a minha alegria não foi vencer, não foi atingir aquilo a que me propus, não foi mostrar ao mundo que eu era capaz, foi poder dizer-te que eu consegui. A ti e à mãe. Era um objectivo meu, mas sei que também era teu. Era muito teu. Era nosso, só nosso. O dia da consagração, por entre paredes que foram testemunhas do nosso sofrer, foi teu, de mão dada com a mãe. Foste buscar aquilo que era teu por direito. O teu filho concluiu a licenciatura, mas o canudo era teu, era vosso. Era um sonho teu, mas hoje, haja o que o houver, é uma realidade tua. Tens um filho licenciado em Direito, o curso dos teus sonhos e que, por coincidência da vida, também é dos meus. É um orgulho enorme para mim ter o que tenho hoje, seja o curso, seja a pós graduação, sejam as formações, seja o trabalho, sejam os meus projectos pessoais, mas o meu maior orgulho, o que realmente me enche o peito, é o poder dizer-te: pai, eu consegui!
Agradeço-te os ensinamentos, o pintar da vida tal como ela é, os conselhos, o alinhar da direcção sempre que me vês a fugir para a berma. Agradeço-te de coração, mesmo sem to dizer. Agradeço-te a preocupação que tens por mim e por todos os que eu amo, sim porque tu não te ficas por mim, tu vais mais além, tu tocas nos meus limites, tu queres o meu bem e o bem dos que me querem bem. Tu sabes que eu sou estou feliz se os que amo estiverem como querem. Sou como tu. Eu sei, tu sabes, nós sabemos que somos iguais.
A vida é feita de etapas, de lutas diárias e de decisões, mas eu, esteja onde estiver, nunca viverei nenhuma das coisas da vida sem ti. Perto ou longe. Não viverei, nem o poderia fazer, afinal de contas, pai, tu és o meu melhor amigo, és a minha base, és o meu suporte, és um irmão. És tudo, pai. E distância não é desculpa, distância é um percalço da vida, é uma barreira que pode facilmente ser ultrapassada e, como eu costumo dizer, a distância só enfraquece os laços de quem não ama de verdade, porque quem ama com o coração todo ama ainda mais quando está longe.
Um dia, pai, vou sentar-te um filho meu no teu colo e vou pedir-te que lhe ensines tudo o que me ensinaste a mim. Não mudes nada. Quero que seja igual. Quero que ele seja feliz, tão feliz como eu fui, nos teus braços, de mão dada contigo, ao teu lado e longe de ti.
Sabes, pai, podes até pensar que um dia te vou deixar, que vou ter uma família minha e uma casa minha, que um dia vou ter uma vida da qual tu não irás fazer parte, mas peço-te, por tudo o que de mais sagrado há: não o faças, pai. Esse dia nunca vai chegar. Tu vais ser sempre a minha família, a minha casa e a minha vida. Sempre, sempre. Prometo.
Deixo-te um beijo, um abraço, um amo-te, um olhar que lacrimeja de emoção e um filho que hoje é um homem, mas no teu e no meu coração será sempre um menino. O teu menino!

Coisas que eu ouço LXXVIII

terça-feira, 18 de março de 2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

Religião e dinheiro

Ontem, enquanto esperava numa sala que é feita para isso mesmo, ouvia um senhor que falava de pé para uma senhora, mas que no fundo dirigia-se a todos os que ali estavam.
Se inicialmente a conversa passava pela saúde e por um incontável número de conselhos que ele tinha para partilhar, o discurso acabou, não sei como nem porquê, na igreja. Dizia o que discursava que era católico, mas não ia à igreja. Já foi de ir, mas agora não vai. Pelos vistos o padre que o levava à igreja foi embora e este que lá está agora, um que "apareceu com um renault 5 a cair de podre e passados uns meses comprou um carro de trinta mil euros", não o convence. Nem a ele, nem a outros como ele. Na boca deste senhor o padre da freguesia dele, que eu não sei qual é, é "um ladrão, um chulo, só pensa em dinheiro". No fundo, e resumindo, o que se ouviu foram uma série de justificações para os adjectivos escolhidos para qualificar o padre em questão. E, verdade seja dita, a serem verdade, tenho que concordar com o homem.
Até aqui, tudo normal. Infelizmente. Não é a primeira pessoa, nem será a última a ter esta opinião. Eu mesmo concordo com ele, embora, como em tudo, não se possa generalizar. A verdade é que vivemos numa época em que a religião e a igreja viraram uma máquina de fazer dinheiro. Tudo o que acontece dentro da casa do Senhor passou a ter um preço. Batizados, casamentos, funerais, missas de sétimo dia, missas de procissões. Tudo! Hoje em dia os padres cobram o que querem e pelos vistos não há quem termine com isto ou, pelo menos, quem lhes crie limites. Por exemplo, a propósito da época que se avizinha, a Páscoa, anda já um alarido enorme. Muitos são os párocos que exigem, no mínimo, "um dia de trabalho" como côngrua, que é aquilo que nós deixamos no envelope ou no pratinho e que quem nos leva a cruz a casa no domingo de Páscoa retira, põe num saco e entrega ao senhor padre no fim do dia. Outro roubo, na minha maneira de ver. Cada um dá o que pode e, acima de tudo, o que quer. Acerca disto, o discursante da sala de espera disse, e achei-lhe piada, que ao padre até lhe dá uma semana de trabalho, é preciso é que ele tenha vontade de trabalhar.
Adiante.
Já a conversa ia avançada quando a senhora que o ouvia lhe pediu calma nas palavras. A resposta do homem que estava de pé prontamente se fez ouvir. "Sabe, na minha vida tive um azar. Morreu-me um filho com vinte e dois anos numa cama do hospital. Levaram-no para a minha aldeia e ele teve que ir para a igreja enquanto preparávamos a casa para o receber. Esteve uma hora e meia na igreja. Quando fui lá buscar o meu filho o padre disse-me que tinha pagar quinze euros antes de levar o corpo. Quinze euros por ter o meu filho morto dentro da igreja durante uma hora e meia. Paguei-lhe. Tenho recibo lá em casa para mostrar às beatas que duvidam de mim."
A ouvir isto entendi, como qualquer um entende, a revolta deste pai enlutado e o sabor amargo de todas as palavras que ele dirige àquele padre. Com toda a razão do mundo, diga-se.
Que padre pede quinze euros a um pai para levar o corpo do seu filho? Que ser humano é este? Que sensibilidade tem esta pessoa? O homem disse-o e eu repito-o: um ladrão, um chulo, só pensa em dinheiro. É isto e muito mais. Muito muito mais!

sexta-feira, 7 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Carnaval 2014

Eu fui Shrek. Ela foi Fiona. Eles foram vacas, super heróis, freiras, anjos, cachorros quentes, odaliscas, meninas de rua, bruxas, cavaleiros, joaninhas. Fomos uma série de coisas, mas acima de tudo fomos felizes, tal como a data exigia. Uma grande noite, em óptima companhia.
Até para o ano, Sr. Carnaval!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carlos Mané

Eu sou portista, o Mané joga no Sporting e este jornalismo mete-me nojo.
O pai deste miúdo, que tem apenas dezanove anos, está foragido da policia desde fevereiro do ano passado, mas este jornaleco entendeu que ontem era o dia ideal para o país saber disso. Guardou uma tira da capa para contar aos portugueses que o pai do jogador do Sporting está envolvido em tráfico de droga e por isso fugiu do país. A que propósito? Passado um ano. Alguém me consegue explicar? Só vejo nisto uma tentativa, que espero frustrada, de desestabilizar alguém que está a dar os primeiros passos, por sinal firmes, no panorama do futebol nacional.
O rapaz não tem qualquer contacto com o pai há anos e estes jornalistas de trazer por casa saem-se com uma noticia destas. Ó país pequenino este!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Os Tordos

O João escreveu uma carta ao Fernando. O filho escreveu uma carta ao pai. O Fernando foi para o Brasil e deixou o João em Portugal. O pai foi e o filho ficou. O pai é cantor e o filho é escritor.
O menino, já grande, tornou publica uma dor que é normal em quem vê os braços de um pai partirem para longe dos seus. O menino, já grande, disse que o seu pai partiu porque tinha uma reforma de "duzentos e poucos euros" e "uma pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores". O menino, já grande, partilhou com os portugueses que o seu pai ganhava "à bilheteira" em "salas cheias, meio-cheias e, por vezes, quase vazias". O menino, já grande, sente-se feliz porque admira a coragem do seu pai por "começar outra vez num país que quase desconhece".
As redes sociais tornaram esta carta viral. As televisões fizeram reportagens, os jornais deram-lhe páginas e as revistas guardaram-lhe folhas. O país emocionou-se com a dor do João. Os portugueses levantaram-se para aplaudir o Fernando. Alguns portugueses, nem todos, diga-se. Eu, por exemplo, não o aplaudo, nem sinta que tenha que o fazer. Muito sinceramente.
Lamento, como filho que sou, toda e qualquer separação de um progenitor e da sua cria, grande ou pequena, rica ou pobre, conhecida ou desconhecida. Lamento-as todas e sempre.
Admiro, como já aqui o disse por várias vezes, todos os que um dia tiveram a coragem de ir. Infelizmente tenho por esse mundo fora muitos familiares, amigos e conhecidos, a viver sabe Deus como e a trabalhar como se não houvesse amanhã para poderem cá chegar quando o sol dura muitas horas por dia com um sorriso no rosto a fazer de conta que lá fora "é que é".
O Fernando chama à sua suposta emigração uma "ida ao Brasil" e descansa os entes queridos ao dar como certo o seu regresso a Lisboa "no fim de Abril". O Fernando, segundo o João, "partiu com uma mala às costas e uma guitarra na mão". O Fernando, antes de ir, foi lá ver como era aquilo. O Fernando diz que "no plano cultural, o nosso País vive um dos seus tempos mais sombrios".
Os que emigram, os que emigram a sério, vão sem saberem quando voltam. Os que emigram, os que emigram a sério, levam o medo do que vão encontrar e, muitos, um filho ou dois na mão. Os que emigram, os que emigram a sério, partem para o desconhecido, sem saberem bem onde vão dormir e comer. Os que emigram, os que emigram a sério, dizem que na mesa deles não há de comer, que o frigorifico parece um armazém abandonado, que o dinheiro não chega para pagar uma casa pobre e a luz e a água que por lá se gasta.
Ó João, imagino que te doa saberes que o peito onde já muito terás chorado está agora a milhares de quilómetros de ti e que entre vós vive um oceano chamado Atlântico. Ou melhor, nem imagino. Não imagino, nem quero imaginar. Desculpa-me o egoísmo. Quanto à reforma do teu pai, essa maldita, que só pesa duzentos e poucos euros não devia merecer um lamento publico, mas sim uma pergunta direccionada. Devias perguntar ao teu pai por que raio ele não descontou durante uma vida inteira em consonância com o que ganhava. Sim, João, porque se o teu pai ganhava, como tu dizes, "à bilheteira", sendo certo que cantou muitas e muitas vezes para milhares de pessoas, mesmo que ganhasse só um euro por pessoa, que não ganhava, ele tem que ter ganho muitos milhares de euros durante todos estes cinquenta anos de carreira. Declarou-os, João? Fez descontos, João? Pergunta-lhe. Estás feliz pela coragem do teu pai, mas eu não entendo essa tua felicidade. Até entendia que estivesses feliz se o teu pai fosse um corajoso de verdade, mas no fundo ele apenas decidiu mudar-se para um país tropical, onde estará, por certo, bem instalado a fazer aquilo que mais gosta e, claro está, a ser ressarcido pelo que faz. Vou-te contar uma coisa: os meus pais também gostavam de emigrar para o Brasil, para terem uma vida tranquila num país quente e simpático, tal como o teu pai quis, mas se um dia isso acontecer eu vou ficar triste, muito triste, e se alguma alegria me tocar, será a alegria de saber que eles estão a gozar a vida conforme merecem e pela qual trabalharam. Não lhes vou chamar corajosos. Isso chamo ao meu pai que foi para Angola lutar pelo nosso país, sabe Deus em que condições, e no fim nem a um obrigado teve direito.
O país está mal e vai continuar, porque nós por cá continuamos a andar ao colo com aqueles que não precisam e escondemos os que realmente são necessitados por baixo destas histórias de encantar. Felizmente nem todos os portugueses andam a dormir e é por isso que muitos não se levantaram para aplaudir esta história supostamente triste. É preciso é que os que ainda dormem acordem de uma vez por todas e entendam que há quem não tenha dinheiro para comer e para pagar um tecto.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Palavras do amor


Caí no planeta terra e estava perdido
Vi-te, desejei-te e mantive-me escondido
Procurei-te na multidão e olhei-te sem parar
Tinha vontade de muita coisa mas não conseguia falar
Queria pegar em ti e ter-te só pra mim
Caminhar num horizonte, num horizonte sem fim
Um dia estava longe e cheguei perto de ti
Estava a 100kms mas parecia que estavas mesmo ali
Aos poucos fui vendo aquilo que eu já adivinhava
Tu eras uma estrela, uma estrela muito iluminada
Lutei muito pra seres minha, era o que eu mais queria
No dia em que me disseste sim, senti mais que alegria
É por ti que eu respiro, por ti dou a minha vida
Dou o corpo e a alma pra te sentires uma mulher preenchida
Tens tudo o que sonhei e até um pouco mais
É como querer ter um barco e depois ter um cais
Quando olho pra ti vejo beleza e um brilho próprio
Ando embriagado de amor e não quero ficar sóbrio
Contigo embalo em sonhos e acordo em realidades
Penso e acredito que somos duas metades
Duas metades que foram unidas com muito amor e carinho
É bom acordar numa cama vazia e saber que não estou sozinho
Por vezes olho pra ti e vejo uma criança indefesa
Mas depois olho melhor e vejo uma princesa
Gostava de te dar o mundo e todo o universo
Mas como não posso digo-te o que sinto em verso.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Berg

A vitória foi mais do que merecida. O homem canta que se farta.
Parabéns, Berg. Espero sinceramente que o Portugal musical não te perca.
É ouvir e ouvir e ouvir esta versão da "Chuva". Entra no peito.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A praxe

Fui praxado e praxei.
Enquanto caloiro admito que a praxe mexia com o meu sistema nervoso. Lembro-me da ansiedade das primeiras horas na universidade, do olhar para o chão sempre que passavam os "doutores", do tentar disfarçar o ar de novato, de dar voltas mais longas para evitar aqueles que estavam trajados. O normal. Fugi até chegar a minha hora. Lembro-me como se fosse hoje. Eram quatro ou cinco "doutores" e "doutoras". Eu estava encostado a uma parede, a ler um jornal, à espera da minha vez para entrar numa secretaria que estava sobrelotada. Perguntaram-me se era caloiro e eu disse que sim, em seguida um deles disse-me para eu lhe dar o meu jornal que caloiro não lia jornais e outro disse-me que precisava de ir à secretaria, mas como estava muita gente eu ia ter que lhe dar a minha senha e ficar com a dele, com o dobro da minha espera. Recusei ambas as ordens e expliquei o porquê. O jornal tinha sido comprado por mim e não o ia dar a ninguém, podia emprestá-lo, mas dá-lo não; e a senha da secretaria já tinha muito tempo de espera e eu não ia entregá-la. Depois daquela troca de palavras levaram-me a passar horários para umas folhas, os horarios deles, e eu passei-os, sem qualquer problema. Em seguida fomos todos almoçar ao McDonalds's das Antas, tenho isto bem presente, e eu fui com eles no carro já não sei de quem. Durante o almoço explicaram-me as regras da praxe. Tudo de forma muito tranquila.
Nos dias seguintes fui praxado como tantos outros caloiros, sempre dentro das paredes da universidade. Essa era, e acho que ainda é, uma regra da casa. Fora daquele perímetro as praxes não podiam acontecer. Essa norma dava-me tranquilidade, sabia que de alguma maneira o que ali passava era vigiado e, de certa forma, controlado.
A minha praxe foi pacifica, pelo menos comparada ao muito que já vi e ouvi. Eram coisas banais. Uns ovos na cabeça, uns baldes de água, um rastejar, umas idas ao bar para ir buscar isto e aquilo, estar de quatro, rebolar, flexões, abdominais e outras coisas dentro deste género. Lembro-me de recusar andar de joelhos em cima de gravilha. Isso recusei e os motivos nem preciso de explicar. São óbvios.
O dia mais assustador foi culpa do meu sono. Adormeci e quando cheguei à universidade os caloiros e os doutores tinham ido passear, ver as caves de vinho do Porto, penso eu. Para me receber só lá estavam os veteranos, os do conselho de praxe, os que realmente assustavam. Pegaram em mim e levaram-me para uma sala escura, toda preta. Era o canto deles, onde reuniam. Mandaram-me sentar no chão e massacraram-me, ou tentaram, com uma praxe psicológica. Por fim, disseram-me que eu ia ter que beber uma garrafa de vinho do Porto e eu perguntei se tinham copos ou se era mesmo pela garrafa. Eles riram-se e disseram que já tinham visto tudo, que eu podia ir embora e eu lá fui, até casa.
No dia do baptismo, quando chegou a minha vez, eu não tinha madrinha e isso deu algum barulho, mas eu ignorei. Não conhecia ninguém, nem me apeteceu perder tempo a escolher uma madrinha. A verdade é esta. Arranjaram-me eles uma, que por sinal nunca mais vi, mas resolveu o problema e deu para concluir a cerimónia. Cortaram-me um bocado de cabelo, que à data era comprido, molharam-me a cabeça com um balde de água e assinaram-me o diploma de caloiro. Ponto final. Acabaram as praxes enquanto caloiro.
Passado o tempo previso eu cheguei a "doutor". Era a hora de ser eu praxar.
Praxei durante uma tarde, ou uma hora ou duas, vá. Cheguei trajado e pronto para mandar naqueles que iniciavam a sua vida académica. A verdade é que não achei piada à coisa. Acabei no bar da universidade com dois caloiros de uma terra vizinha da minha, em amena cavaqueira. Salvei-os da praxe, pelo menos naquele dia, e vim embora. Depois disto nunca mais vesti o traje com o intuito de praxar.
Esta é a minha história enquanto estudante universitário que esteve dos dois lados da barricada. Sinceramente a praxe nunca me entusiasmou. Nem como caloiro, nem como "doutor".
Não sou contra, nem sou a favor. Respeito quem gosta da mesma forma que respeito quem não gosta. Entendo que ninguém é obrigado a nada, como é óbvio. Não olho para os que são anti-praxe como alguém que é diferente. São opções, nada mais. Nenhuma das opções tem que ser extremada.
Não vejo este ritual de iniciação da vida académica como algo essencial a um futuro saudável enquanto estudante universitário. É bom, faz-nos conhecer gente, podemos fazer amigos, mas não deixamos de conhecer gente e fazer amigos se não formos praxados. A convivência diária numa sala de aulas, só por si, acaba por trazer de uma forma natural amizades e muitas dessas ficam para a vida.
A praxe do Meco, que tanta celeuma tem levantado, foi uma parvoíce, mas não podemos generalizar. Não me parece que a estupidez de sete pessoas, sim porque ninguém ali agiu de forma consciente, possa ser fundamento para o fim de todas as praxes a nível nacional. Os acidentes acontecem, os finais trágicos existem e os erros muitas vezes pagam-se caro, não só na praxe, mas na vida em geral.
A verdade é que o que aconteceu naquela praia foi mau demais. Perderam-se vidas e destruiram-se famílias. Quem cá ficou tem que falar, mesmo que traumatizado. Sim porque não acredito, nem poderia ser, que aquele estudante, o Dux, não tenha ficado traumatizado. Mil defeitos que ele  tenha, não deixa de ter vinte e três anos, de ser um jovem e, acima de tudo, um ser humano. O que está feito, infelizmente neste caso, está feito, agora é hora de assumir, de dar o peito às balas, e pagar, se for caso disso, pelos seus actos, mas nunca, em momento algum, pensem que os outros estavam ali obrigados. Não acredito nisso. Desculpem a sinceridade.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Crianças mal educadas

São cada vez mais e podem encontrar-se nos mais variados locais.
Corpos pequenos, de idade curta, sem pai nem mãe. Esta é a verdade. Principalmente o último terço da primeira frase deste parágrafo, sem pai nem mãe. Eles gritam, esperneiam, rebolam, mexem em tudo, respondem mal, arrotam, libertam gases, andam de pé em cima de todo o mobiliário, comem o que querem e como querem, batem com portas, partem o que lhes apetece e são mal educados com quem os rodeia. São assim as crianças mal educadas. Em casa delas e na casa dos outros, no café, no restaurante, na loja e na igreja. Tanto faz. Para elas não há limites.
Não me venham, por favor, com a história da hiperactividade. Ela existe, é verdade, e pobre de quem convive com ela, mas não é, e ainda bem, um mal geral da pequenada. Uma coisa é ser hiperactivo outra coisa é ser mal educado e anda aí muita criancinha sem o mínimo de educação. Culpa de quem devia educar e não educa. Culpa de quem prefere ignorar os comportamentos e as atitudes dos filhos. Culpa de quem não ouve os filhos a gritarem como se estivessem a ser torturados. Culpa de quem não vê os filhos a sujarem-se e a rebolarem-se num chão qualquer. Culpa de quem não dá conta que os filhos estão mexer e revirar tudo o que a vista deles alcança. Culpa de quem não se apercebe de que os filhos estão a perturbar os outros, os que estão ali ao lado e não têm que ser incomodados.
Eu não sou pai, mas isto faz-me muita confusão. Quando somos pais deixamos de ver e ouvir, é isso? É que eu vejo tanta a gente a criticar os filhos dos outros e depois, quando têm os deles, acabam por fazer exactamente a mesma coisa. Não entendo. Juro que não entendo.
Felizmente nem todos são pais ausentes, mas são cada vez mais raros aqueles que conseguem dar aquilo a que efectivamente se chama educação. Não basta estar perto ou ao lado para se ser um pai ou uma mãe presente. Não, não, não. É preciso estar e cuidar. É preciso agir quando tem que se agir e se tiver que dar uma palmada ou um grito, dá.
Há crianças que não precisam de palmadas, são mais calmas por natureza, há outras a quem um olhar basta, há aquelas que exigem um grito para parar, e há delas que precisam da chamada "palmada na hora certa". Atenção, não estou a falar de porrada. Estou a falar de uma palmada. No rabo ou mão. Acreditem que não lhes faz mal nenhum. E se ontem foi uma palmada, hoje vai bastar um grito e amanhã um olhar vai chegar. As crianças são inteligentes, elas vão até onde as deixam ir, mas também vão perceber, se lhe derem a entender, onde têm que parar.
Às vezes é preciso que os pais pousem os jornais, larguem os telemóveis, desliguem os computadores, deixem de olhar para a televisão e interrompam as suas conversas para tomarem conta daquilo que é seu, dos seus bens mais preciosos. Um filho tem que ser a prioridade máxima de qualquer pai e mãe. Infelizmente eles ficam para segundo plano, por este ou por aquele motivo eles ficam esquecidos e crescem sem regras, evoluem de uma forma errada e muitos deles acabam por se tornar adultos desagradáveis.
Amar um filho também é educá-lo e uma criança educada é das coisas mais bonitas que há. É fantástico estar com alguém que nasceu há poucos anos, mas sabe estar, rir e brincar. Os outros, os mal educados, mesmo sem culpa nenhuma, acabam por ser postos de parte, assim como os seus pais. Esta é a realidade e quem tem filhos devia pensar assim, devia colocar-se no lugar dos outros, dos que são importunados pelos filhos de quem prefere viver a sua vida em vez de educar os seus.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Coisas que eu ouço LXXVI

Hoje é daqueles dias

O telemóvel, mesmo com bateria, desligou-se durante a noite. O despertador não tocou, acordei por acaso. A luz da casa de banho, que estava muito bem, fundiu. A água, que estava quente, ficou fria. Acabou o gás.
Bom dia para vós também.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Cristiano Ronaldo

Bola de Ouro. A segunda. E é mais do que merecida. O homem teve um ano do diabo.
Não vou falar de números, nem de estatísticas, não. Nem vou falar do outro, do Ribéry. Esse é humano. Os outros dois não. O Ronaldo e o Messi são de outro planeta. Estes, mesmo sem saberem, dependem um do outro. A rivalidade que a imprensa e os adeptos, ou eles próprios, não sei, criaram é benéfica para ambos. Isto na minha maneira de ver, claro.
O português trabalhou para ser o melhor, o argentino nasceu com o dom. O primeiro teve que sofrer e sacrificar-se para atingir o nível fabuloso em que está. O segundo não precisou de melhorar, sempre foi assim, sempre teve aquele jeito e é fantástico.
O Messi já fintou meia equipa e fez golo, tal como fez o Maradona. O Messi já marcou um golo com a mão, tal como fez o Maradona. O Messi é mesmo muito parecido com o Maradona, o que, por si só, diz bem do talento do pequeno astro do país das pampas.
E o Ronaldo com quem se parece? Com ninguém! O Ronaldo é o Ronaldo. É o Cristiano Ronaldo. Ninguém corre como ele. Ninguém finta como ele. Ninguém chuta como ele. Ninguém cabeceia como ele. Ninguém bate os livres como ele. Ninguém faz nada como ele. É único.
A sua maneira de estar nem sempre me agrada, tem atitudes que muitas vezes não entendo, mas dentro do campo e como profissional de futebol é realmente impar. Trabalha como se não houvesse amanhã, mesmo sendo ele o melhor dos melhores e quer sempre mais, mesmo já tendo tudo. Todos os que com ele trabalham e trabalharam não deixam duvidas no que a isto diz respeito. A verdade é que Cristiano Ronaldo tem bem presente que o dificil, muitas vezes, não é chegar ao topo, mas sim mantermo-nos lá e esse é o truque para o seu sucesso. Os outros, os que se perdem pelo caminho, julgam que basta tocar o céu, mas não, não basta. É preciso lutar todos os dias, é preciso fazer de cada treino um jogo e de cada jogo uma final. Só assim se pode chegar ao píncaro.
E fora do campo o português carrega a sua família, tal como carrega a sua equipa, às costas. Uma atitude que eu pessoalmente valorizo. Não faz mais que a sua obrigação, muitos o dirão e bem, mas o certo é que poucos o fazem como ele. E a sua terra, a Madeira, o Funchal, merecem as suas visitas constantes, provando que as suas origens não são esquecidas. Isto vale o que vale, mas vale alguma coisinha, acreditem.
É assim o português que abriu as portas da história ao ser o único jogador nascido em Portugal com duas bolas de ouro conquistadas. Ambas com todo o mérito e com toda a justiça.
Para terminar quero apenas lembrar-vos que não precisamos de odiar o Messi para gostar do Ronaldo, nem vice-versa. Quem gosta de bola, quem ama o futebol e quem aprecia este espectáculo único tem mais é que gostar dos dois e dar-se por feliz, muito feliz, por poder viver na era destes dois extraterrestres.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O Eusébio e os outros

Ao Eusébio nunca o vi jogar. Vi frames deles, na televisão e na internet. Nada mais.
Sei que levava o pé até ao fim, não parava na bola, e o joelho, esse, quase batia no peito. Sei que tinha muita força, que levava tudo à frente e um pontapé dele era mais que meio golo. Sei que marcou quatro golos à Coreia do Norte no mundial de 66, quando a nossa selecção perdia por 3-0. Sei que foi um símbolo do nosso país e com ele o nome de Portugal foi mais além. Com ele, com a Amália e com Nossa Senhora de Fátima. Sei que ele deu tudo ao Benfica e depois andou a vaguear pelos Estados Unidos, pelo México, pelo Beira Mar, onde se recusou a rematar à baliza encarnada, e até pelo União de Tomar, vindo a terminar a carreira na terra do Tio Sam. Sei que o Eusébio estava esquecido pelo Benfica, foi o Luis Filipe Vieira que o devolveu aos benfiquistas. Sei, no fundo, o que qualquer apaixonado por futebol sabe. O essencial.
Tinha o Eusébio como pessoa humildade, pacata, no canto dele. Nunca viveu a fama, pelo menos aos meus olhos, como estrela de cinema, tal como vivem os jogadores de futebol de agora. A realidade era outra, é certo, e por isso mais valor lhe dou. Sem os meios que há hoje ele conseguiu chegar aos quatro cantos do mundo, com a camisola do clube e com a da selecção.
Quanto à morte desta figura do futebol, lamento-a. Não me chocou como a do Feher, é certo. Por tudo. O Eusébio tinha alguma idade, era uma pessoa doente e o Feher morreu jovem, quase adolescente, com transmissão em directo na televisão. É diferente, uma não se compara à outra.
O funeral do Pantera Negra, como lhe chamavam, foi aquilo que tinha que ser. Foi à rua quem quis. Seguiu o cortejo fúnebre quem achou que o devia fazer. Achei que o estádio dele podia e devia ter recebido mais gente para lhe dizer adeus. Achei que as televisões exageraram, quando o Benfica tem um canal que permitia, a quem quisesse, acompanhar tudo a par e passo. Achei que aqueles que eram realmente próximos do Eusébio não foram respeitados. Os de sangue e os amigos, os verdadeiros, como o Hilário, por exemplo. Este último nem quis aparecer nos meios de comunicação, como é normal em horas de dor. Quem sente dor não quer o protagonismo que a imprensa dá, quer é sossego, privacidade e um abraço quente. Os familiares, coitados, quase que não conseguiam chegar ao caixão, segundo li. E, quer se queira quer não, há coisas que devem ser respeitadas. E o sofrimento de quem vê partir alguém que ama é das coisas mais sagradas que existem.
A história dos cachecóis, serviu para duas coisas. Serviu para provar que os adeptos dos clubes rivais respeitavam o Eusébio e o seu Benfica; e serviu, também, para provar que há gente que não sabe estar, nem tão pouco viver. Devia ser um motivo de orgulho para os benfiquistas ver que a estátua do seu ídolo tinha cachecóis dos clubes rivais e de outros menos que tal. E se para uns acredito que tenha sido, para outros foi mais uma forma de mostrarem ao mundo que há gente que anda aqui só mesmo por andar. Quanto à retirada dos cachecóis, discordo. Deviam era ter arranjado forma de os preservar lá.
Eusébio da Silva Ferreira vai ser recordado como um homem humilde, sem grandes protagonismos, um benfiquista dos quatro costados e aquele que em tempos que não se previa levou a selecção nacional bem alto. Como ele também Luis Figo, embora deste eu não goste. Nunca gostei. Para mim é um vaidoso que se acha com o rei na barriga e, tal como fez no final do Suécia-Portugal, ignora as suas raízes. Ao Cristiano Ronaldo, outro emblema português no mundo, dou-lhe mais valor. Cria tantos amores como ódios, tem um feitio muito dele, mas não se esquece das suas origens, carrega a sua família para todo o lado e a sua ilha, a Madeira, nunca é esquecida. Na selecção tem vindo a melhorar e foi ele, a verdade é só esta, que carregou Portugal às costas até ao Brasil, para o Mundial deste ano. O Mourinho, outro que levanta bem alto as nossas cores, já me agradou mais. A maneira de ser e de estar dele acaba por cansar e acho que neste momento a sua imagem está desgastada. Atenção, com isto não lhe retiro qualquer valor, até porque nem eu, nem ninguém, o poderia fazer. O homem é mestre no que faz. Noto que esta época tem andado mais recatado e acho que só faz bem. O certo é que estes quatro, todos do mundo da bola, fizeram com que Portugal fosse conhecido em todos os pontos do mundo, à custa do futebol, é verdade, mas deram prestigio ao nome do nosso país. De todos eles Eusébio terá sido o que mais se chegava ao povo, fruto das suas origens, do que viveu e dos tempos que eram outros, mas acredito que seja por isso mesmo que tenha merecido a consideração e os lamentos de todos, mesmo dos eternos rivais e, diga-se, foram mais do que justos.
O Mário Soares, e isto a propósito das suas declarações, está senil. Completamente senil. O que ele disse em relação ao Eusébio demonstra uma falta de respeito tremenda e lamento que os órgãos de comunicação social ainda o procurem para obterem testemunhos do género deste último. Acredito que isso dê audiências, partilhas no facebook e piadas a todos os níveis, mas acho, muito sinceramente, de muito mau gosto tornarem públicas palavras tão graves como as que foram ditas. Este senhor tem mais é que ser ignorado. Apenas e só isso. Deixem-no no canto dele, a acabar em paz.
Por fim quero dizer-vos que acredito que o nome Eusébio vire uma marca e/ou um negócio. Eu lamento e ninguém devia contribuir para isso.