segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Som de Cristal

Muito bom! O primeiro episódio, pelo menos, foi.
Vou esperar pelos outros, mas com a fasquia já bastante elevada. Culpa do Quim! O homem é um verdadeiro postal e não digo isto no sentido depreciativo. Longe disso. O Quim Barreiros é efetivamente uma figura nacional. Um senhor vivido, repleto de sucessos, e isto não pode ser posto em causa, goste-se ou não da sua música, com uma humildade que poucos artistas conseguem ter, especialmente os que são menos que ele. É um homem do povo, gosta da sua terra, preza a sua família, não fala com truques, diz umas asneiradas, trata do seu próprio negócio, não gosta daquele show off que qualquer artista barato faz questão, admite os seus erros, conhece os seus limites e ri muito, ri com uma facilidade que só está ao alcance dos que são realmente felizes. E, há que o dizer, tem um pai com noventa e seis anos - leram bem - que parece um rapaz novo. De invejar, portanto!
O Bruno Nogueira, que sempre mereceu o meu respeito no que toca ao humor nacional, dá-lhe aquela pitada de sal que deixa o programa no ponto. Não tem aquela piada parva. É light. Fala quando deve e sempre bem. É leve, quase nem se dá por ele e isso é que o torna bom no que faz. Ele dá o protagonismo a quem realmente o deve ter. O Bruno merecia mais televisão.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Refugiados

Ninguém está livre de um dia ter que pagar centenas ou milhares de euros pela sua própria morte. Amanhã podemos ser nós, com o pouco que nos resta, a implorar a um traficante de pessoas que nos deixe entrar num barco frágil, sem o mínimo de higiene, sobrelotado e com total ausência de mantimentos, isto porque a última coisa que temos é a esperança não de viver, mas de sobreviver.
Ninguém está livre de um dia ter que pagar para alimentar bocas que não são suas. Amanhã podemos ser nós a ter que partilhar com estranhos um espaço que é nosso, a ter que contribuir, com o pouco que temos, para que um desconhecido sobreviva, a ter que, de certa forma, condicionar o nosso viver para que outros possam sobreviver.
Nunca digas desta água não beberei. O caminho é longo, podes ter sede.