terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Adam Lanza

Matou vinte e seis pessoas. Vinte crianças e seis adultos, incluindo a própria mãe. O pesadelo terminou quando o jovem, de apenas vinte anos, se suicidou.
Nos Estados Unidos debate-se, agora, a política das armas. A Constituição americana, na sua segunda emenda, garante aos civis o direito à posse de armas de fogo. Isto, quer se queira quer não, é assustador. Permitir que cada cidadão tenha uma ou várias armas em casa é aceitar a existência de um rastilho que pode acender a qualquer altura e por qualquer motivo. Só uma lei parva, que não tem outro nome, permite que Adam Lanza entre numa escola com uma Glock, uma Sig Sauer e uma Bushmaster, carregado com centenas de munições, e mate vinte e cinco pessoas. Para além destas três armas, o jovem tinha outra no banco de trás do carro, isto é, Adam saiu de casa com quatro armas. Agora eu pergunto: é normal existirem quatro armas deste calibre, mesmo que a lei o permita, numa casa onde vivem apenas mãe e filho? Não é. Todos nós sabemos que não é.
A lei americana permite que qualquer civil tenha armas, mas não os obriga a isso. É importante esclarecermos este aspecto. Para além disso, se um pai ou uma mãe decidem ter armas em casa a obrigação de vigilância sobre as mesmas recai, apenas e só, sobre os progenitores. A mãe de Adam, segundo relatos, tinha as armas porque teve problemas com o ex-marido, pai do jovem. Quatro armas para precaver um possível diferendo com o ex-marido? Não será um exagero? E a senhora será normal? São questões que têm obrigatoriamente de ser levantadas.
Acredito que o jovem homicida tenha problemas de saúde, aliás, não duvido. Uma pessoa normal, tenha a idade que tiver, não entra numa escola a disparar sobre quem se mexe. Isso é sagrado. Para além disto tenho para mim que há uma falha de acompanhamento no desenvolvimento deste miúdo, uma falta de atenção e um deixa correr. Prova disto são as palavras do babysitter do autor deste acontecimento macabro. A mãe de Adam disse a Ryan Kraft para nunca virar costas a Adam enquanto este estivesse sobre a sua tutela. Isto há dez anos atrás. Há uma década, quando o filho tinha apenas dez anos, a mãe receava qualquer distracção por parte de quem tinha o dever de vigilância sobre a criança, hoje, nesta altura, quando o filho tinha vinte anos, conseguia ter, pelo menos, quatro armas em casa. Desculpem-me, mas isto não é normal.
A lei americana tem de ser criticada. Pode e deve ser alterada, é verdade, mas este trágico acontecimento, e outros da mesma natureza, não podem ter como justificação somente a segunda emenda da Constituição da América. Aliás, a própria lei prova isso mesmo. Há milhões de americanos com armas em casa que nunca cometeram um crime. Há uma falha no crescer de todos os seres humanos que matam por matar, sem motivo e sem razão. Este tipo de pessoas obriga a uma vigilância apertada e a cuidados diferentes. Adam Lanza mostrou, desde sempre, que não era uma criança normal nos relacionamentos e isso devia ter sido tido em conta ao longo do seu percurso.
Que descansem em paz aqueles que partiram sem culpa, que ainda tinham uma vida por viver, que deixaram olhos carregados de lágrimas e corações a gritar de dor. Que Deus os abençoe.

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