Os melhores do mundo

Lionel Messi foi considerado o melhor jogador e José Mourinho foi considerado o melhor treinador. Ambos do mundo.

Se com a escolha de José Mourinho eu concordo, com a de Messi discordo.

Vamos por partes.

Mourinho é, sem sombra de dúvidas, o melhor treinador do mundo da actualidade. É arrogante, é convencido, é provocador, é, muitas vezes, parvo. É tudo isso e talvez mais. Contudo, é também capaz de controlar qualquer balneário, é capaz de fazer com que qualquer jogador crie uma ligação de irmandade com ele, é capaz de vencer títulos com qualquer equipa. Se no Chelsea ele tinha uma grande equipa e agora no Real Madrid tem uma super equipa à disposição dele, no Inter era bem diferente e no FC Porto então nem se fala.

Curioso é ver que José Mourinho teve mais sucesso com as equipas mais "fracas" do que com as outras, afinal de contas ele ganhou tudo o que havia para ganhar com o FC Porto e com o Inter.

Adiante.

A forma como o treinador português vive o futebol é única, ou praticamente única. Duvido que haja algum treinador no mundo com as capacidades dele e duvido também que tão cedo apareça alguém capaz de vencer tudo o que ele venceu e da mesma forma que ele o fez.

Este foi o primeiro ano em que a FIFA entregou o prémio para melhor treinador e acho que foi muitíssimo bem entregue. Como disse Mourinho e bem, se não ganhasse este ano não ganharia nunca. O percurso dele no Inter permite-lhe afirmar isso e ponto final.

Guardiola e Del Bosque têm o seu mérito, como é óbvio. Guardiola é o maestro da melhor banda de futebol do mundo e Del Bosque levou La Roja ao título mundial, mas José Mourinho foi um pouco maior que eles. Na minha óptica, claro.

Vamos a Messi.

O argentino é um predestinado para o futebol. Nasceu para isto. Não há, não houveram, nem nunca haverão dúvidas quanto a isso. A bola cola no seu pé esquerdo e ele faz dela o que quer e bem lhe apetece. Outro Messi não existirá tão cedo. O mesmo se aplica a Cristiano Ronaldo que não é aqui chamado ao barulho, mas que me sinto obrigado a falar dele. O homem, enquanto futebolista, é muito muito bom.

Nós, os que vivemos nesta era e amamos o futebol, somos uns privilegiados e daqui a uns vinte ou trinta anos vamos contar aos futuros nossos como era maravilhoso ver Messi e Ronaldo a jogar à bola.

Xavi e Iniesta. Ambos foras de série. Sem o protagonismo da máquina publicitária mostram-se ao mundo só com o futebol nos pés. Sem jornais, nem revistas.

Eu escolhia Xavi, embora seja admirador confesso de Andrés Iniesta.

Porquê?

Porque acho que Iniesta vai acabar por ganhar o troféu, mais ano menos ano. Tem tempo para isso. Só nasceu há vinte e seis anos.

Era só uma questão de timing, até porque acho que ambos estão no mesmo patamar futebolístico. No mais alto.

O oito do Barcelona fez uma época fantástica carimbada com um golo na final do mundial de futebol. Ganhou tudo o que havia para ganhar como futebolista e ainda fez golos importantíssimos em todas as competições.

Xavi é o carregador de dois pianos. O do Barcelona e o da Espanha. O tiki-taka nasce nos seus pés, de lá ela sai sempre redonda e perfeita. Xavi não erra, nem deixa errar.

O seis da Catalunha tem já quinhentos e cinquenta jogos ao serviço da sua equipa, batendo, assim, um velho record, e com trinta anos promete deixar uma marca que dificilmente irá ser atingida.

Por tudo o que já fez no futebol mundial, pelos títulos já conquistados, pela sua postura sempre correcta, pela magia que mostra dentro das quatro linhas e pela sua idade, era a ele que eu entregava o prémio de melhor jogador do mundo.

Xavi Hernandez vai ser mais um jogador esquecido pela FIFA e vai acabar a sua carreira sem este troféu. Espero estar enganado, mas duvido.