Ontem, como amigo da familia, estive presente no funeral do Sr. Manuel Sabrosa, assim como estive no velório, na noite que antecedeu as cerimónias fúnebres. Outras pessoas houveram que foram mais numa de ver o Simão do que numa de se despedir pela última vez do Sr. Manel. Coisa que acaba por se entender, afinal de contas o Simão é uma figura pública. Ou acaba por se entender, ou acaba por se fazer por isso.
O Sr. Manel, homem que conheço desde sempre, tinha precisamente a idade do meu pai, o que só por si me choca. Sessenta anos são muitos poucos dias de vida. Era um jovem da idade adulta. Ficam as boas memórias e o legado dele. Isso ninguém lhe tira.
O Simão é para mim, e para outros que tal, só o Simão. É mais um filho da terra. Um vizinho. Um amigo. Felizmente teve a sorte e o talento que lhe permitiram saltar para a televisão, para as rádios, para os jornais e para as revistas e com isso ganhou outra vida, a vida do Simão Sabrosa, jogador do Sporting, do Barcelona, do Benfica, do Besiktas e da Selecção Nacional. Este último arrasta fotógrafos e curiosos por onde passa e ontem, mesmo em dia de funeral, não foi excepção. Isso chocou-me, assumo.
Infelizmente ou felizmente, nem sei, nunca tratei a fama por tu, talvez por isso tenha ficado surpreendido com o que vi ontem. Os fotógrafos, mal o caixão saiu da igreja, apontaram as suas objectivas ao filho público de Manuel Sabrosa e não mais o largaram. Mas não eram fotos tiradas com vergonha ou respeito. Não! Eram fotos tiradas a um ou dois metros do alvo. Assim foi no cortejo fúnebre, assim foi na última despedida já no cemitério e assim foi aquando da entrada da urna para a campa.
Haverá necessidade para isso? Para que querem os fotógrafos aquelas objectivas enormes? Não é para fotografar à distância exigida pelo respeito num momento como este? Não entendo. Juro que não entendo.
O Simão, o Sabrosa, é figura pública, mas tem direito à sua dor, ao seu luto e à sua privacidade num momento como este. Ou pelos vistos não tem. Pelo menos ontem não teve. E para além do filho mediático, o Sr. Manuel também deixou a esposa, D. Ilda, os filhos, Serafim e Sandra, o genro, as noras, os netos, as irmãs, os irmãos, as cunhadas, os cunhados, os sobrinhos, os primos, os amigos, entre outros, e também esses deviam merecer respeito por parte de quem ganha dinheiro com a vida dos outros, seja ela feita de sorrisos ou de lágrimas.
Já agora, e como nota, fiquem a saber que, ao contrário do que se diz nas notícias, o Simão já estava em Portugal quando soube da notícia, pois era sua intenção ver o pai ainda com vida. Tal como fez antes de partir para a Turquia, no mês passado.
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