segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cinema, assim não dá!

Cada vez mais me custa ir ao cinema. Esta é a verdade.
A minha sessão é, obrigatoriamente, a da meia noite. Com isto tento apanhar salas arejadas de gente. Contudo, e como é normal, mais pessoas partilham o mesmo espaço e o mesmo filme comigo. Para mal dos meus pecados, diga-se.
Há quem vá ao cinema para ver um filme e há quem vá ao cinema para se exibir, tipo macho na feira. Quem vai para o filme não me incomoda, é óbvio, mas quem vai para a exibição enerva-me de morte. Juro por Deus.
Há vários tipos de exibicionistas. Há o relatador do filme, que é aquele que diz, alto e em bom som, o que os seus olhos vêm, tipo "olha o gato", esquecendo-se o relatador de que não tem uma visão especial, isto é, o que ele vê eu também vejo, não preciso que me traduza imagens; o eco, que é aquele que repete, para toda a gente ouvir, o que as personagens dizem, pensa ele, presumo eu, que tem uma audição especial e então, qual alma caridosa, partilha com os restantes aquilo que ouve; o eco profissional também aparece no cinema, não tantas vezes como o simples eco, mas aparece, este indivíduo é o que repete os sons do filme, é um ser capaz de miar ou ladrar em plena sala de cinema, um fora de série, portanto; aquele que não tem segredos, ou seja, o que ele diz a quem está ao seu lado tem que ser ouvido por todos os presentes na sala, este é o tipo que leva demasiado à letra a regra que nos diz que falar baixo na presença de outras pessoas é falta de educação, então podemos ouvir expressões maravilhosas como "no intervalo vou ter que ir dar uma mijada"; as pessoas de negócios, são aqueles seres que mesmo estando no cinema têm que atender o telemóvel, haja o que houver, e, como é óbvio, gente de negócios tem o telemóvel com som, não vá o diabo tecê-las e incomodar os outros é um objectivo que tem que ser cumprido, então e depois de se ouvir o telemóvel tocar podemos ouvir uma agradável conversa, do estilo de "estou no cinema, vim ver um filme de rir e estou a adorar! Sim, esse mesmo! Isto acaba por volta das duas manhã, eu quando sair ligo-te. Liga ao Quim e diz-lhe para ir lá ter. E amanhã vais tomar café ou vais ficar por casa? Ah, está bem, mas está tudo bem com ela? Vê lá, se precisares de alguma coisa diz. Olha lá, está a chover? Não? Ainda bem! Pronto, vou acabar de ver o filme porque esta parte está a ser de partir o caco, tens mesmo que vir ver! Até já então, xau!"; o exibicionista mor, é aquele que é capaz de qualquer coisa para fazer rir a dama que o acompanha, infelizmente o truque é quase sempre o mesmo, ou seja, deitar o balde de pipocas ao chão "sem querer" e elas riem-se que nem umas histéricas e ainda conseguem dizer que isso está sempre a acontecer-lhe, o que mostra uma inteligência limitada, primeiro porque não entendem que é propositado e segundo porque riem-se sempre da mesma piada; por último, o barulhento mesmo calado, que é aquele que consegue que toda a sala olhe para si mesmo sem abrir a boca, isto é, consegue fazer mais barulho com um balde de pipocas e um copo de coca-cola do que todas as colunas do cinema, porque ele suga a coca-cola, abana o copo para derreter o gelo e, num dia de loucura, ainda arrota, depois mexe e remexe as pipocas e ainda as come de boca aberta.
Neste momento estou em condições de vos dizer que ou os cinemas passam a ter algum funcionário responsável pela sala, com poderes para expulsar todos os que não sabem estar dentro dela, ou eu vou ser obrigado a deixar de partilhar uma sala com estranhos.
Por mim basta!

2 comentários:

  1. Cris...muito bom!!! Partilho da mesma ideia...e por isso e por falta de conciliação de horários para mim a respetiva esposa...faço Home Cinema!!não é bem a mesma coisa, mas como o intuito e apreciar o filme...é barato e não há penetras!!!loooooool Abraço

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