terça-feira, 11 de setembro de 2007

Trocadilhos da vida

A dor bate-me no peito com tanto respeito

Provoca um tão duro efeito que eu quase me deito

Eu não estava a contar com esta dor tão invulgar

Parece que me quer matar, quase não me deixa respirar

Sinto-me atrofiado, asfixiado, amarrado, vulgarizado, ignorado

Tenho o corpo cansado e o sol já não brilha pro meu lado

Estou numa sombra intensa, mais parece uma escuridão imensa

Está uma nuvem tão densa que mesmo que eu queira o meu cérebro não pensa

Parece que chegou o meu fim, parece que é tudo o que tenho pra mim

Morri ser ver Berlim, nem Pequim, nem Dublin, nem a Costa do Marfim, enfim…

As palavras mais duras destroem as mentes mais puras

Corro as ruas, faço procuras e não encontro nenhuma das curas

Sou um ser fraco que perdeu o tacto e o olfacto de um vencedor nato

Quero vestir um fato, formalizar o pacto e assinar tudo num só acto

Nasci e cresci mesmo aqui, ou talvez ali, na volta até foi aí

Já nem sei onde vivi e será que vivi, afinal que foi que eu vi?!

Não vi nada, sou uma mente ressacada embrulhada em quase nada

Tenho a face molhada de uma lágrima largada por esta alma desesperada

O mundo agora vira e não gira com uma ira que já só transpira e nem respira

O prazo expira, o meu corpo retira a esperança da minha mira

Eu danço, avanço, esqueço o descanso e assumo todo o falhanço

É este o balanço da vida que canso e que tem o fim a chegar de manso

Sou um ser vulgar na terra que não pára de girar numa rota sempre tão linear

O ar que continuo a respirar é o fraquejar do mundo que me tenta ignorar

Quero vencer o remoer que não me deixa viver e me pede apenas pra morrer

Tentei crescer e sobreviver sem aprender o que sempre me tentaram dizer

Um dia vais entender o que te estão a dizer, só tens que crescer a obedecer

Estou em crer que obedecer é morrer, vou errar e correr, mas só a mim pode doer

Cresço, apodreço, pareço uma fruta com um preço que eu nem sequer mereço

Cresço e desço do berço e começo a rezar com um terço

Ele lá no céu diz que o erro foi meu, não entendeu que quero a chance e Ele não ma deu

A criança morreu, o puto cresceu, o homem agora aqui sou eu

Finalizo, verbalizo, sintetizo resumindo o fim do meu riso

Piso o riso num chão tão liso que me obriga ao deslizo do que verbalizo



Escrito por mim num qualquer dia da minha vida

3 comentários:

  1. Poeta! Poeta! Sim!
    Mas que raio de dia mais cinzento esse teu dia qualquer da tua vida, poeta, até podes ter uma veia ou mesmo uma grande artéria de poeta, mas o Cris que eu conheço não tem nada de cinzento como esse teu poema, amigo.
    Seja lá qual for o motivo ultrapassa-o e sê feliz para sempre, é o que te desejo.
    Abraço.

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  2. Primaço! Tás lá! Grande obra. Abraço

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