A dor bate-me no peito com tanto respeito
Provoca um tão duro efeito que eu quase me deito
Eu não estava a contar com esta dor tão invulgar
Parece que me quer matar, quase não me deixa respirar
Sinto-me atrofiado, asfixiado, amarrado, vulgarizado, ignorado
Tenho o corpo cansado e o sol já não brilha pro meu lado
Estou numa sombra intensa, mais parece uma escuridão imensa
Está uma nuvem tão densa que mesmo que eu queira o meu cérebro não pensa
Parece que chegou o meu fim, parece que é tudo o que tenho pra mim
Morri ser ver Berlim, nem Pequim, nem Dublin, nem a Costa do Marfim, enfim…
As palavras mais duras destroem as mentes mais puras
Corro as ruas, faço procuras e não encontro nenhuma das curas
Sou um ser fraco que perdeu o tacto e o olfacto de um vencedor nato
Quero vestir um fato, formalizar o pacto e assinar tudo num só acto
Nasci e cresci mesmo aqui, ou talvez ali, na volta até foi aí
Já nem sei onde vivi e será que vivi, afinal que foi que eu vi?!
Não vi nada, sou uma mente ressacada embrulhada em quase nada
Tenho a face molhada de uma lágrima largada por esta alma desesperada
O mundo agora vira e não gira com uma ira que já só transpira e nem respira
O prazo expira, o meu corpo retira a esperança da minha mira
Eu danço, avanço, esqueço o descanso e assumo todo o falhanço
É este o balanço da vida que canso e que tem o fim a chegar de manso
Sou um ser vulgar na terra que não pára de girar numa rota sempre tão linear
O ar que continuo a respirar é o fraquejar do mundo que me tenta ignorar
Quero vencer o remoer que não me deixa viver e me pede apenas pra morrer
Tentei crescer e sobreviver sem aprender o que sempre me tentaram dizer
Um dia vais entender o que te estão a dizer, só tens que crescer a obedecer
Estou em crer que obedecer é morrer, vou errar e correr, mas só a mim pode doer
Cresço, apodreço, pareço uma fruta com um preço que eu nem sequer mereço
Cresço e desço do berço e começo a rezar com um terço
Ele lá no céu diz que o erro foi meu, não entendeu que quero a chance e Ele não ma deu
A criança morreu, o puto cresceu, o homem agora aqui sou eu
Finalizo, verbalizo, sintetizo resumindo o fim do meu riso
Piso o riso num chão tão liso que me obriga ao deslizo do que verbalizo
Escrito por mim num qualquer dia da minha vida
Ahhh poeta!
ResponderEliminarMuito bem ;)
Poeta! Poeta! Sim!
ResponderEliminarMas que raio de dia mais cinzento esse teu dia qualquer da tua vida, poeta, até podes ter uma veia ou mesmo uma grande artéria de poeta, mas o Cris que eu conheço não tem nada de cinzento como esse teu poema, amigo.
Seja lá qual for o motivo ultrapassa-o e sê feliz para sempre, é o que te desejo.
Abraço.
Primaço! Tás lá! Grande obra. Abraço
ResponderEliminar