terça-feira, 15 de novembro de 2011

Inveja boa

Frio, chuva , vento, sono, cansaço, preguiça e obrigações que fazem com que o atrás dito perca todo e qualquer valor.
O corpo foi obedecendo a ordens superiores, mas contrariado, muito contrariado mesmo. Em dias destes devia ser proibido sair de casa.
Os rituais foram cumpridos e o último é sagrado: beijo nos papás antes de abandonar o lar. É aqui que a inveja começa. Eu sei que muitos foram os dias, os meses e os anos em que eles acordaram cedo para se fazerem à vida enquanto eu permanecia na horizontal a contribuir para o meu crescimento ósseo, mas isso não impede que eu tenha inveja deles na hora em que os vejo em posição fetal, quentes que eu sei lá, enrolados numa panóplia de lençóis, cobertores e, a cereja no topo do bolo, um edredon tão fofo que mais parece algodão doce.
Sabem o que me apetece naquela hora? Saltar para o meio deles, como se tivesse três ou quatro anos, adormecer e ficar por lá até que o telejornal da uma comece.
Eles perdoam-me esta inveja, eu sei sim, e tem mesmo que ser, afinal de contas esta inveja que sinto é tão boa quanto descontrolada.

Sem comentários:

Enviar um comentário