quinta-feira, 19 de abril de 2012

Conferência da verdade

Ontem desloquei-me à cidade do Porto para assistir a uma conferência que contava com a presença do Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados. É importante que se diga que não fui lá para ouvir o que ele tinha para dizer até porque, e diga-se, o discurso dele versou sobre filosofia, um trabalho feito por ele em casa, e que a mim nada me interessava. Eu e outros advogados estagiários marcamos presença naquele local apenas com o intuito de nos fazermos ouvir. Fartos de o ouvir a ele estamos nós. Conseguimos. Ele ouviu o que queria e o que não queria, ou melhor, ouviu só o que não queria, ou seja, as verdades.
O Sr. Bastonário passeia-se pelas televisões a criticar Deus e todo o mundo, senta-se nos estudios de gente que de Direito nada percebe. Não reconheço qualquer sabedoria jurídica ao Manuel Luis Goucha, à Julia Pinheiro ou à Fátima Lopes. Perdoem-me a sinceridade. Cada macaco no seu galho.
O dono da Ordem dos Advogados leu o que tinha a ler e depois ouviu o que tinha que ouvir, ou parte do que tinha que ouvir. Os microfones passearam-se pela plateia e muitas foram as questões colocadas ao Dr. Marinho Pinto, questões essas que iam cobertas de acusações e de chamadas de atenção. É vergonhoso o que se passa dentro da Ordem dos Advogados e este país tem que saber que tipo de pessoa manda naquela instituição que, diga-se, merecia alguém muito melhor no seu comando.
Eu fui um dos que intervi. Fui breve, mas preciso. Não roubei muito do precioso tempo daquele senhor que a mim me rouba tempo de vida. Apenas lhe perguntei quando pensava devolver-me o dinheiro que eu paguei para fazer um exame considerado inconstitucional e disse-lhe, olhos nos olhos, que guardava comigo uma frase dele onde o mesmo referia que nós, licenciados em Direito, queremos entrar na Ordem "às manadas" e a propósito da mesma afirmei perante todos os presentes que não lhe admitia aquele tipo de conversa. Ele pode conhecer muita gente que ande em manada, alguém próximo dele, mas a mim ele não me conhece de lado nenhum.
E foi assim que me despedi daquele auditório. Feliz e aliviado. Feliz por fazer parte de uma fornada de advogados estagiários que não se encolhe perante o poder e que luta sem medo das represálias que normalmente funcionam como barreira à democracia. Aliviado porque lhe disse na cara e perante centenas de pessoas aquilo que tinha aqui dentro há muito tempo. Muito mais tinha para lhe dizer e espero dizer-lho em breve visto que ele prometeu agendar um encontro connosco. Duvido que aconteça, mas a esperança é a última a morrer. Veremos até onde vai a coragem do homem do povo que se esquece quem o mantém e para quem ele devia trabalhar.

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