terça-feira, 17 de junho de 2008

Prisão domiciliária

Sempre ouvi dizer que quem não se sente não é filho de boa gente.
É bem verdade. E eu como filho de boa gente, sinto-me.
Eu sinto-me e de que maneira.
Sinto-me em prisão domiciliária.
Mas eu matei alguém ou fiz uma ruptura de ligamentos no joelho?
Fiz uma ruptura, mas mais parece que matei alguém.
Já sem aulas sou obrigado a ficar no Porto, sozinho.
Do pior.
Não há palavras para descrever o que sinto.
A manhã começa bem cedo, por volta das 8h termina o meu prazo de cama.
Sigo para fisioterapia onde passo toda a santa manhã.
Chego a casa por volta do meio dia.
Depois de tomar um banho, sento-me á mesa com a minha solidão e lá almoço.
A tarde é reservada ao estudo, que por sinal não é nada facilitado.
A construção do prédio vizinho ajuda imenso à minha desconcentração.
Complicadissimo!!
Ainda faltam 210 dias para o fim da obra, por isso vou ter este barulho sempre.
O lanche nem apetece e quase sempre não existe.
Detesto comer sozinho. É, aliás, das coisas que mais detesto.
Lá chega à hora de jantar e à hora de mais uma refeição solitária.
Cansa.
Já sem o barulho das obras reserva-se um momento para o estudo.
Mas sem exageros porque o dia seguinte começa bem cedo.
Agora vocês perguntam: "Oh Cris, mas tu não gostas de morar sozinho?!"
E eu respondo: "Adoro!! Não troco isso por nada!"
Mas com aulas.
Com aulas vejo gente, converso, rio, resumindo: vivo!!
Sem aulas vejo paredes, não converso, não me rio, resumindo: morro!!
Uma coisa é ter que estudar.
Outra coisa é prenderem-me a uns metros quadrados com os livros de companhia.
Normalmente por esta altura já estaria em Vila Real e só viria aqui fazer as frequências.
Acordaria de manhã, tomava um pequeno almoço, falava com os meus pais.
Estudava.
Almoçava com os meus pais e conversava um pouco.
Tomava um cafézinho rápido e voltava ao estudo.
Lanchava acompanhado.
Ia dar uma corridinha ao fim da tarde ( devagar, mas já posso correr).
Jantava com os meus progenitores, enquanto via o telejornal.
Saía, ia ter com a patroa e regressava cedinho para estudar pela noite dentro, como eu tanto gosto, como sempre fiz e como agora não me é permitido fazer.
Cada um tem a sua maneira de (bem) estar e a sua maneira de estudar.
Eu tenho a minha, ou melhor tinha.
Agora tenho paredes, livros e mais livros, e uma raiva que é só minha.
Maldito joelho que tão grandes dores de cabeça me causas!!

2 comentários:

  1. Não estás só.
    Eu compreendo-te, mas ... é a vida.
    Mais um esforço.
    Eu estou aqui, MAS ESTOU AÍ, ACREDITA, SEMPRE.
    A tua hora há-de chegar, TU MERECES.
    SEMPRE, SEMPRE PRESENTE, embora não pareça.

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  2. Temos de marcar aquele cafezito.....tenho andado bastante ocupado mas para a semana tlf

    Abç

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