quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Raspadinhas

O vício da moda é este. Quem vende tem gente ao balcão a raspar.
É a consequência dos tempos em que vivemos. A conjuntura dos nossos dias faz com que as pessoas tentem de tudo para que possam ter uma melhor respiração económica. O peito monetário de muitos vive cada vez mais apertado. Os dias passados a contar trocos e a fazer contas de cabeça não são, nem nunca foram, saudáveis para a saúde mental de ninguém, contudo, nos tempos que correm é o que mais se faz. É um dia de cada vez, sempre de mãos dadas com a esperança e abraçados ao pensamento de que o amanhã será melhor que o ontem e que o hoje.
A mim pessoalmente faz-me confusão quem atira moedas para um balcão a acreditar que a solução para um futuro melhor pode estar numa raspadinha. Não sou ninguém para criticar quem gasta o que tem nestas tentativas de atalhos financeiros, é verdade, mas que não concordo, isso não. É a minha opinião, não passa disso e vale o que vale.
Estes jogos são feitos para quem precisa, para quem vive sufocado por uma conta bancária oca e para quem acredita que um dia se vai poder deitar sem ter que fazer contas à vida.
Raspar virou vício porque só custa, salvo seja, um euro ou dois. Parece fácil e, acima de tudo, barato. É uma ilusão onde os que vivem na escuridão da crise caem facilmente. Certo é que com um euro ou dois já se pode comprar alguma coisinha para pôr numa mesa e mais,  o acumular de dinheiro que se gasta em tentativas quase sempre falhadas dá para pagar contas que são reais e que chegam sempre que um mês acaba.
Uma pequena pesquisa permitiu-me saber que, por exemplo, a Santa Casa já tem raspadinhas com todos os nomes possíveis e imaginários. Labirinto, grande sorte, janelas da sorte, pé-de-meia, multiplica, feliz natal, raspadinha dos relógios, raspadinha de inverno, boa páscoa, raspadinha de Portugal, super pé-de-meia, rock in rio, alta voltagem, mini pé-de-meia. São, aparentemente, muitos atalhos para a felicidade, mas eu sempre ouvi dizer, e nada vale mais que a sabedoria popular, que não há atalhos sem trabalhos. Por muito que custe a aceitar a verdade é esta.
Estes tiros no escuro são bons para quem fica com o dinheiro do povo, nunca para este último. Vejam pelos próprios prémios, acham que podem deixar de trabalhar com um prémio de um papel coçado? Não, não podem. Com um prémio do euromilhões eu sei que podem, mas com isto apenas conseguem gastar mais do pouco que já há.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente! Muito bem visto.

    Cátia Sousa

    ResponderEliminar
  2. Há outra questão que nunca entendi.

    Se a Igreja Católica é contra o jogo, e se a Santa Casa tem um perfil Católico, como é possível que sejam responsáveis pela quantidade de milhões em jogo todas as semanas?
    E como tu falas, e bem, limpam os pobres. Logo é uma casa com tudo, menos com misericórdia.

    ResponderEliminar
  3. Não tenho como vicio a raspadinha, mas admito que gosto de jogar de vez em quando.
    Quando compro gasto dois euros e ja me saiu 1/2/4/10€ quando acontece gasto mais 1 ou 2€ e venho embora pois não tenho o costume de raspar no local.
    Acho que é como tudo se tivermos control sobre nós não vem desgraça ao mundo.
    A culpa não está no jogo mas sim no jogador

    ResponderEliminar
  4. Ninguém é obrigado a jogar mas muitas pessoas são dominadas pelo vício que não conseguem controlar e para elas a Santa Casa da Misericórdia transforma-se em Santa Casa da Miséria. Na minha opinião a Raspadinha e outros concursos televisivos não deviam existir porque apenas contribuem para mais miséria que muitas vezes levam a desfechos trágicos que são relatados diáriamente nos jornais.

    ResponderEliminar