segunda-feira, 7 de março de 2011

Ao telefone no trabalho

"Estou sim, bom dia."
"Olhe, eu estive aí no escritório e ninguém me disse nada""
"Não se importa só de me dizer com quem estou a falar?"
"É a mãe d_ _______!"
"Muito bem! Diga-me lá então o que passa."
"Eu estive aí no escritório e ninguém me disse nada!"
"Desculpe, não entendi. Esteve aqui no escritório e ninguém lhe disse nada? Quando?"
"Agora mesmo! E ninguém me disse nada!"
"Agora mesmo? E quem a recebeu?"
"Sim, estive aí há bocado e ninguém me recebeu!"
"Peço desculpa, deve estar a haver uma confusão qualquer. Se a senhora esteve aqui no escritório alguém a deve ter recebido."
"Não, ninguém me recebeu!"
"Desculpe, mas isso não é possível. Para a senhora entrar no escritório alguém tem que lhe ter aberto a porta, logo alguém a tem que ter recebido."
"Mas eu não cheguei a entrar no escritório!"
"Olhe, peço-lhe desculpa, provavelmente não ouvimos a campainha."
"Mas eu não cheguei a tocar à campainha!"
"Ah! Entendi! Mas diga, de que se trata?"
"Do que se trata? Trata-se de que vou hoje a julgamento e ninguém me diz nada!!"
"Hoje? Não tenho aqui nenhuma indicação disso."
"Pois, mas tenho aqui eu a carta do tribunal!"
"Sim, mas nós também somos notificados pelo tribunal, por isso acho estranho eu não ter aqui qualquer indicação sobre o julgamento."
"Então está bem!! Olhe, mas tenho eu!! A carta está à minha frente e diz aqui que tenho julgamento dia 7 do 4 de 2011 às 13h30!!"
"Desculpe, a senhora disse 7 do 4?"
"Sim, 7 do 4!! Às 13h30!! É daqui a bocado e ninguém me diz nada!!"
"A senhora está a fazer confusão. 7 do 4 não é hoje."
"Ai não??! Então é quando!? Posso saber?!?"
"Pode, claro. 7 do 4 é daqui a precisamente um mês."
"O quê????! Um mês???! Desculpe, mas dia 7 é hoje!!"
"Sim, efectivamente, hoje é dia 7, mas hoje é dia 7 do 3."
"7 do 3??! Não entendi!"
"Eu explico: Janeiro é 1, Fevereiro é 2, Março é 3 e Abril é 4, logo o seu julgamento é em Abril, entendeu? O mês de Março é o 3 e não o 4, o 4 é o Abril."
"Aaaahhh, é capaz de ter razão..."
"Tenho razão sim, fique tranquila. Só por isso ainda não lhe dissemos nada. Não está esquecida, não se preocupe. Precisa de mais alguma coisa?"
"Oh! Agora já não!"
"Qualquer coisa esteja à vontade, ligue ou apareça."
"Tá bem!"
"Tenha um bom dia então. Com licença."

6 comentários:

  1. Apetece-me ser uma cliente desse escritório... enganos e falta de conhecimentos escolares são desculpáveis, a humildade não é nenhum crime. A falta de profissionalismo é que é muito má, como se chama aquilo? Ah... ética!
    Afinal a fama dessa classe (advogados) está muito bem atribuída.

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  2. Uma coisa é certa: o humor é uma coisa que não chega a todos, só aos mais capazes e aos que vivem de bem com a vida.
    Tenha força.

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  3. De quando em vez aparece um frustado, não há volta a dar.
    Paciência que Deus nos dê.

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  4. Temos mesmo que ter paciência, afinal de contas também de frustrados é feita esta sociedade.

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  5. Frustrados são aqueles que acreditam em Deus (ilusão criada pelos crentes para compensar a falta de vida).
    Frustrados são os hipócritas, que não conseguem ter ideias próprias, que não têm força para contestar ou pensar diferente, e que incriminam quem pensa diferente...

    Engraçado como com tão pouco se classifica uma pessoa, isso é preconceito... quanto à classe supra referida não existem preconceitos, são factos evidentes.

    Para quem vê o Humor de uma forma tão aberta, em que se podem espezinhar pessoas, não é contraditório criticares a minha opinião? Ou teria ela de estar envolta em ironia para ser humor e consequentemente me livrar da "frustração"?

    Tens as tuas ideias, gostas de as publicar e deixas que as comentem. Muito bem mas eu só segui o caminho que tu criaste... ou é só para quem te quer passar a mão pela cabeça?

    Como um bom advogado devias lidar melhor com as situações criticas.

    Felicidades e que Deus te guie!

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  6. A dos frustados confirma-se.
    A falta de humor confirma-se.
    Mas agradeço-lhe a sua interpretação. Ninguém mais conseguiu ir tão além.
    Quanto a mim, peço desculpa por não lhe agradar. Gostava, de coração, de agradar a todos, mas não consigo.
    Contudo, lembre-se que nem Cristo agradou a todos. Lembre-se.

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