terça-feira, 1 de março de 2011

À procura de soluções

Era este o tema em debate no programa de ontem.
Fiquei colado ao programa como se de um filme se tratasse. Afinal de contas discutia-se a minha vida. Sim, porque eu faço parte da chamada Geração à Rasca.
Discutiram-se muitas coisas, esgrimiram-se argumentos e acima de tudo ouviram desabafos.
Ontem, enquanto ouvia as duas partes, os que eram a favor dos jovens e os que eram, entre aspas, contra os jovens, fiquei pasmo com a facilidade com que os que são, entre aspas, contra os jovens.
Frases como:
"Têm que emigrar."
"Não têm que trabalhar na vossa área."
"Que soluções têm para este problema?"
"Ganham o dobro do que ganha o comum cidadão."
Tudo isto me deixa a pensar.
Vivo num país em que os problemas são ignorados com uma facilidade assustadora.
Depreendi do debate que afinal a culpa disto tudo é nossa. Nossa porque não queremos os recibos verdes; nossa porque não gostamos da precariedade; nossa porque somos contra os estágios não remunerados, e por conseguinte, contra o trabalho escravo; nossa porque não queremos emigrar; nossa porque queremos trabalhar na área em que nos especializamos.
Afinal de contas é bom trabalhar a recibos verdes, o que implica ausências de direitos; é bom ser licenciados e ganhar 700 ou 800 euros; é bom trabalhar com o nome de estagiário e por isso não receber pelo trabalho feito; é bom é bom emigrar e deixar a família, os amigos, o lar e o país para trás; é bom tirar o curso de Direito, por exemplo, e trabalhar na Pizza Hut.
Tudo isto é bom, sem dúvida, mas é para quem está bem sentado e com um tacho gigante à frente dos queixos.

2 comentários:

  1. Ser licenciado e ganhar 700 ou 800? Muitos dos que conheço ganham 600€ e nem mais um cêntimo!

    Não há palavras para descrever o futuro negro que vem por aí, não há.

    ResponderEliminar
  2. É verdade Afonso. Há quem ganhe isso e menos. Infelizmente.
    Até tenho medo do que o futuro nos reserva.

    ResponderEliminar